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"Um espectro de poder estava nas ruas, erguendo seus estandartes maoístas, leninistas, trotskistas, stalinistas, anarquistas, niilistas. Jovens aparentemente inconsequentes conseguiram paralisar o país, em apenas um mês, com a adesão de mais de dez milhões de trabalhadores em toda a França.
Tudo começou em Nanterre, moderno campus universitário a 12km de Paris. Átomos de insatisfação e rebeldia encontraram seu "ponto de fissão" através de lideranças inconformadas com decisões internas da reitoria. Punidos, os estudantes revidaram em protestos de proporções tão surpreendentes que a própria história contemporânea abriu espaço para incluir esse movimento rebelde no catálogo das "revoluções".
O poder instituído, sob a liderança de Charles de Gaulle, sofreu o abalo de ser confrontado com a imaginação no poder. Resistiu, mediu forças eleitorais e reagiu com estratégia democrática.
A República triunfou, mas "o rei estava nu", sob o espanto da criança do conto de Andersen e aos olhos dos jovens da Sorbonne/Nanterre. O transparente manto do poder não encobria as deformações do corpo social. A sociedade do bem-estar e do consumo expunha seus excessos na arena do "capitalismo selvagem".
O Quartier Latin se universalizou. No coração dos jovens que empunhavam estilingues com "bolas de gude" e lançavam pedras ("pavê"), nenhuma bola de cristal oferecia antevisão do futuro; mas as sementes do poder imaginário brotariam no fértil solo da esperança, onde floresceriam a consciência ecológica, o grito dos negros pelo respeito racial, a fraterna tolerância entre os sexos, o papel social da mulher, um passo adiante por uma justiça social menos teórica e mais concreta. Uma revolução de costumes! Uma revolução cultural!"
Em maio de 1968, Paris ardia em protestos estudantis que logo se alastrariam, atropelando o poder do Estado, dos partidos e dos sindicatos. Barricadas, estilingues, tiros e slogans como "o poder está nas ruas" e "é proibido proibir" agitaram o coração da cidade. No final, a República francesa venceu, mas a França e o mundo jamais seriam os mesmos. Muitas mudanças pipocaram pelo planeta sob a inspiração daquele maio parisiense.
À época, um grupo de oito potiguares - então estudantes do IRFED, Instituto ligado à Igreja Católica que formava líderes de países do então chamado "terceiro mundo" com foco no desenvolvimento harmônico e na justiça social - ocupava os quatro cômodos de um modesto apartamento na Rua MontParnasse, 20, em Paris. E foi desse posto avançado, próximo ao Quartier Latin, que eles testemunharam os dias efervescentes de uma surpreendente revolução cultural.
Com exceção de uma senhora, eram todos jovens. Entre eles estava o escritor e poeta Francisco de Assis Câmara, que organizou o livro República Potiguar de MontParnasse, uma peça literária em que os sobreviventes do grupo relatam suas memórias de um tempo de dificuldades, desafios e, sobretudo, muita esperança.
Abaixo, os textos da contracapa e da "orelha" do livro, lançado no dia 30 de agosto passado, na sede da OAB-RN:
PARIS Maio 68
O poder da coragem, da ousadia e do sonho
Ao ver a foto na revista Paris Match, edição de junho de 1968, pág. 78, de dois jovens com estilingues nas mãos e um outro com um "pavê", todos em posição de combate diante da polícia, fico a imaginar no potencial das minorias organizadas, abastecidas com o exemplo de seus líderes e a força de suas crenças.
Partindo da diversidade das ideias e métodos de ação, chegam-me as imagens de David vencendo Golias; de Gandhi fazendo o império britânico recuar sob a força da "não violência"; do sonho de Martin Luter King (ver meus filhos julgados pelo caráter e não pela cor da pele); da luta de Nelson Mandela pelo direito a uma pátria; de Madre Tereza de Calcutá usando as armas do amor e da compaixão para mudar o mundo; do pobrezinho de Assis reconstruindo sua igreja usando o amor de Cristo como matéria-prima de um renascimento espiritual.
Nessas aparentes loucuras , a razão cede lugar ao coração, cujas razões a própria razão desconhece, tal como na sábia lição do francês Blaise Pascal,
Francisco de Assis Câmara
Co-autores de A República Potiguar de MontParnasse: Francisco de Assis Câmara, Marcos José de Castro Guerra, Maria Marta de Castro Guerra, Rejane Cardoso, José Augusto de Albuquerque Othon, Paul Ammann, Safira Bezerra Ammann