Buda e o Rio
Postado em 18 Sep 2016 01 38 Principal




Buda é um homem comum. Um homem qualquer. Uma mulher...

Um homem está sentado na posição de lótus, bem no centro de um grande centro urbano. Sem camisa, sem sandálias, sem posses. O homem á apenas mais um louco no frenesi da cidade. Seria um subproduto da distorção social? Um refugo, uma vítima da paranoia coletiva? Mas porque o semblante sereno?... Ao contemplá-lo, calou-me uma profunda paz...

O louco explicou que os carros na rodovia eram peixes multicoloridos, dourados... Que gaivotas luminosas pairavam sob o céu azul. Que flores sorridentes vinham oferecer suas cores e aromas... 

Aquele rio de carros se transformara numa torrente tranquila e áurea de sabedoria, alegria e bem-estar. O homem havia se transportado? 

Perguntei quem ele era e surpreendeu-me: eu sou Buda! 
- Mas o que Buda estaria fazendo aqui? "porque não aqui?" respondeu o homem. 
- Mas cadê sua vestimenta? "É a minha paz"...

O homem estava dentro do rio, um rio áureo... 
- Como você entrou no rio? "Eu não entrei. O rio sempre esteve!"
Contou-me que apenas retirou as defesas do olhar... uma após outra, até que viu o rio de águas puríssimas ao qual estava banhado.

Buda nos leva a meditar sobre as nossas condições, condicionamentos e condicionantes.  Convida-nos a meditar sobre a partícula "Se..." e a palavra "quando..."
Quais as condições eu preciso para ter paz? O que preciso agora para ter serenidade? Qual a condição que hoje me imponho para amar e perdoar? O que precisa acontecer para que a minha dor acabe? O que preciso ter para me sentir feliz? Quantos amigos eu preciso para não me sentir solitário?
Amedrontadora e enigmaticamente, Buda sorri e desaparece com o vento. Mas não sem antes deixar um ensino: "enxergue o rio"...

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L. Fernando
16 Nov 2016 17 17
Lendo 2 meses depois da postagem, mas sempre em tempo de poder dizer:que beleza de texto, Jorge!
Jomar Morais
18 Sep 2016 02 42
Parabéns pelo texto, caro Jorge.
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