Dívida luminosa
Postado em 30 Dec 2016 22 07 Principal




Sem dúvida, uma das páginas mais tocantes que já li, e o que me fez retornar à realidade (a de que estou ainda na soleira da porta da escola do Cristo), foi a de Emmanuel, amigo espiritual de Chico Xavier, intitulada “Nós devemos” contida no Livro “Levantar e Seguir”. Nestas páginas, o autor cita uma passagem do apóstolo Paulo, contida na carta aos Romanos (1-14) em que ele se declara ser devedor, “tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes.” E Emmanuel, ao comentar a passagem, surpreendentemente, afirma que 

(...) Quem alcançou a felicidade de compreender o ensinamento do Cristo ou de seus emissários recebe um sagrado deposito em valores imortais. 
(...) E é justo que quem saiba se constitua em devedor de quem ignora, quem tenha se reconheça como devedor de quem não possua. 
(...) No ato de ensinar ou de proporcionar reside, porém, uma das grandes situações desse mecanismo de realização do pagamento.
(...) Quando encontres alguém no mundo, com os títulos de ignorantes ou de sábio da Terra, que te assalte com ironias, faze-lhe algum bem, por amor a Cristo, saldando a tua dívida.

Emmanuel fala de um ensinamento profundo, quase inexistente nas bocas, e muito pouco visto no coração. Parece difícil ser Cristão num nível tão profundo e radical de entrega desta proposta. Mas creio ser este um caminho da verdadeira libertação. E só podemos chegar a este nível, depois de termos pacificado as perturbações do Ego à luz do conhecimento profundo.

Entretanto, para a maioria das pessoas, desistir do Ego é uma espécie de suicídio. Mas só depois da morte que podemos renascer, e não me refiro à morte do corpo, mas a uma morte acessível a todos, a qualquer instante. Veja que Paulo utilizou o pronome na primeira pessoa “Eu” sou devedor... e assim precisamos aprender, porque uma doutrina ou religião que não serve primeiramente para quem a professa, talvez não sirva para ninguém. Esta “nova” religião se veria mais em sinceras e boas atitudes que em discursos alarmantes. 

Que em 2017 a nossa responsabilidade vá além dos interesses de ordem pessoal e que se expresse no trabalho reiterado em prol da justiça, da dignidade, do esclarecimento e da fraternidade! 


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