Postado em 31 Jan 2019 02 45 Principal
Estou aqui falando para quem possa ouvir
Do lado de fora, fora do meu eu
Forasteiro de mim mesmo
Nenhum lugar é minha casa
Nenhum país é o meu
Estou há muito tempo banido
Perambulando por cidades desconhecidas
Bato à porta, quero entrar
Mas por onde ando e para onde olho
A cidade é feita de outdoors
Que me esquecem, que me escondem
Fito a redoma que me impede de entrar em mim:
Um corpo invisível, sentado frente a TV
Feito do material duro da distração
E eu quero entrar
Quero a minha casa para descansar
Sentei na calçada e sonhei
Com um lugarejo distante chamado "eu mesmo"
É uma casinha do interior, sem muros ou grades
Vejo gente simples na terra branquinha
Ouço o riso das crianças embaixo do cajueiro
Lá na minha terra ninguém é forasteiro
Todos se conhecem e se reconhecem
Mas aqui as coisas são estranhas
E por trás dos outdoors sinto que há uma cidade em chamas
E depois as cinzas, sussurros e gemidos
A dor de pessoas sem voz
Quero entrar, quero o meu lar
Quero descansar, simplesmente ser quem sou
Mas o muro é alto e aqui ninguém se conhece
Onde está minha cidade, minha família, meus amigos?
Porque esta grade?
Finalmente uma porta se abre
Eu vejo uma criança presa no olho de alguém
Ela também foi vítima do medo e do preconceito
"Não, por favor, quem está aqui fora não é teu inimigo, é teu irmão!"
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