Postado em 21 Oct 2015 23 58 Textos Anteriores
Pessoas como estas são levadas em
consideração pelas empresas e
pelos analistas da economia?
por JOMAR MORAIS
Com raras exceções, os analistas econômicos - leia-se economistas, jornalistas e porta-vozes dos agentes econômicos - falam a mesma língua e nesse idioma não cabe a palavra pessoa. A economia, do ponto de vista de quem defende a "lógica" do mercado, é feita de números e recursos, investidores e consumidores, lucros e perdas. As pessoas, quando entram nesse enredo, aparecem do modo como são enxergadas no cotidiano das empresas: são recursos humanos, jamais seres humanos.
Ver o mundo pelas lentes do observatório econômico, torna-o mais árido e cruel, mas essa é apenas uma construção mental - que condiciona a realidade ao ser tomada como "verdade" exclusiva -, passível de ser alterada em favor de um mundo mais humano.
Talvez, de tanto ouvir o discurso "racional" dos analistas, você já não acredite em sonhos ou mesmo em visões alternativas. Mas, como diria John Lennon, imagine! Para ajudá-lo, seguem algumas considerações do físico e lama budista Padma Samten feitas quando a atual crise atingiu seu ápice na Europa:
"As pessoas não são recursos humanaos. Elas são seres humanos. Se nós olharmos a economia como o ponto central, a gente pode pensar: ainda que eles sejam seres humanos, se não forem seres econômicos, eles não têm solução. Aí nós voltamos a examinar esse paradigma econômico e percebemos que ele funciona apenas como uma seção dentro da vida mais ampla.
"A vida mais ampla é a vida que nos trouxe até aqui. Nossos pais cuidam de nós fora da perspectiva econômica, até que a gente começa a andar sozinho. Então eles investiram em nós, em uma linguagem econômica, a fundo perdido. Isso não quer dizer sem esperança ou sem utilidade, eles encontraram uma utilidade humana, eles cuidaram de nós dentro de uma perspectiva humana. Se nós estamos vivos e aqui, com uma cara de saúde, é porque alguém cuidou de nós fora da perspectiva econômica.
"Também, se nós trabalhamos hoje, ainda que a gente tenha um raciocínio econômico, no trabalhamos pelo resultado econômico, nós trabalhamos para que esse resultado econômico possa nos permitir cuidar de outras pessoas. Se nós não temos uma visão humana, a própria ação econômica perde o sentido. A ação econômica por si mesma é completamente fria, ela não tem um resultado. Se nós não tivermos uma visão humana, a gente perde a vontade de viver, perde o sentido da vida. A felicidade para nós está diretamente ligada ao nosso contato humano e não efetivamente à questão econômica.
"(...) A partir de 2008 foi feita a maior transferência da história de fundos públicos para fundos privados, ou seja, o socorro dos bancos quebrando, o socorro da estrutura econômica foi feito à custa dos governos. Os governos investiram pesadamente para salvar os agentes do processo econômico, que são instituições privadas. Nesse momento se vocês estão olhando as ruas da Europa, as pessoas estão dizendo que elas também querem ser salvas, não só as organizações econômicas precisam ser salvas." (continua na próxima terça-feira)
[ Publicado na edição do Novo Jornal de 20/10/15 ]
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