Postado em 17 Dec 2015 20 41 Textos Anteriores
E se acordássemos amanhã sem
medo e gratos à vida? Não seria isso
o apocalipse de nosso mundo velho?
por JOMAR MORAIS
Minha netinha do meio pergunta-me o que é “apocalipse” e percebo em seu olhar um traço de aflição. O que levaria uma criança de 8 anos de idade a indagar sobre esse assunto? Ela responde que viu a palavra na capa de um livro, mas seu tormento mal disfarçado me leva a puxar o fio da meada. A origem da dúvida está em conversas com outras crianças e na escuta de adultos que insistem em falar sobre o fim do mundo.
Apocalipse quer dizer apenas revelação. Este é o título do último livro da Bíblia, supostamente escrito pelo apóstolo João na ilha grega de Patmos, entre os anos 64 e 70, após um transe extático que o teria colocado diante de Jesus. Como sua narrativa está repleta de imagens dramáticas relacionadas ao declínio do mundo como o conhecemos e o surgimento de um “novo Céu e uma nova Terra”, não demorou para que a palavra apocalipse passasse a ser entendida como sinônimo de destruição, hecatombe e fim do mundo. E é aí, nessa adulteração de significado, que reside a aflição de minha neta e de todas as pessoas que lidam com o tema bíblico nesse nível.
Também eu, na infância e na juventude, sofri a “aflição do apocalipse”, mesmo tendo me liberado muito cedo das interpretações literais da Bíblia. Afinal, não é preciso estar envolvido com temas escatológicos, cristãos ou de qualquer linhagem religiosa, para mergulhar na ansiedade sobre o dia de amanhã e o destino do indivíduo e da humanidade. Basta ter ego e cultivar o medo.
Hoje, relativamente livre da compulsão de imaginar o futuro e, depois, assustar-me com os meus enredos, em minhas divagações divirto-me lembrando da sucessão de anúncios do “fim do mundo”, simbólico ou literal, a que assisti ao longo de seis décadas, com base em reinterpretações de profecias ou em cálculos e raciocínios, como no caso dos economistas.
Divirto-me igualmente ao imaginar o que aconteceria à economia e à política, se amanhã todos acordássemos sem medo, gratos à vida e dispostos a saboreá-la com entrega e confiança, expressando amor em vez de temores. Não seria isso o apocalipse para o mundo velho, de exploradores e explorados, todo feito de egos inflados e temerosos, eternamente avaros e aflitos?
Como creio que no universo nada existe sem um propósito, acho que a preocupação com o futuro e sua base de sustentação – a insegurança egóica – tem lá sua serventia e, certamente, nos ajudaram a chegar até aqui mais equipados que os nossos ancestrais da caverna. Mas a indigência de nosso espírito subjugado a aflições nos remete a uma reflexão sobre custo-benefício, sobre o preço que pagamos por essa contradição evolutiva.
A resposta essencial para essa questão é antiga e foi encontrada por sábios e místicos de variadas tradições: só o presente é, não há vida no futuro e nem no passado.
A ansiedade é um sintoma de excesso de futuro em nossa mente; a angústia, o fruto do excesso de passado. Sem ansiedade e sem angústia, o aqui e agora é o tempo da fé, do amor e da felicidade.
[ Publicado na edição do Novo Jornal de 15/12/15 ]
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