Jerusalém! Jerusalém!
Postado em 30 Jan 2016 21 36 Textos Anteriores









Então, para mim mesmo, repito Jesus:  
"Jerusalém! Jerusalém!..."  Eu não  
poderia morrer sem tê-la conhecido.  


por JOMAR MORAIS


Diante de mim, a muralha imponente da Jerusalém histórica, dourada pelos últimos raios de Sol. Não é um monumento com a idade desta cidade de 3 000 anos, pois foi construída pelos otomanos no século 16, mas se encaixa e se sobressai no tesouro de registros da saga humana encravado neste lugar. Na brisa fria da tarde de inverno,  regozijo-me e, solitário, murmuro para o paredão: shalom!

A expressão hebraica, usada entre os judeus como saudação cotidiana, é densa de significados e pode ser aplicada a pessoas e a nações. Quer dizer paz, harmonia, prosperidade, conexão com Deus. 

Seja qual for motivo – espiritual, histórico, artístico -, a verdade é que ninguém fica indiferente ante esta antiga vila canaanita que, conquistada pelo rei Davi em 997 a.C., tornou-se capital de um povo e um dos pilares do pensamento ocidental. Shalom é o que ela me inspira com o seu passado e o seu presente complexos, marcados pelas paixões contraditórias.

Dentro da muralha, o espaço dividido em quatro distritos onde judeus, cristãos, muçulmanos e armênios vivem e zelam por relíquias ali plantadas por seus ancestrais evoca  ambições e fúria - e dores, muitas dores! - mas fala-nos também de tolerância e esperança. A mesquita Al Aqsa, a terceira mais importante do islamismo, colada ao Muro Oeste (a parede que restou do segundo templo de Jerusalém, altar sagrado para onde peregrinam judeus de todo o mundo) e a Igreja do Santo Sepulcro geminada à mesquita de Omar, com o seu cartaz no qual versos do Corão citam Jesus, reafirmam a proximidade de nossas diferenças e a possibilidade de diálogo e respeito.

Diante do Dome of the Rock, a cúpula de ouro que se destaca no Monte do Templo, penso na insensatez que nos faz perder o senso da unidade e nos atira às disputas mesquinhas. O dome, por exemplo, remete a crenças  e tradições comuns. O local, segundo os judeus, assinala o mítico Jardim do Éden e o ponto onde Abraão teria preparado o holocausto para sacrificar seu filho, mais tarde sinalizado por um santuário erguido por Davi, o qual deu origem ao primeiro templo (o de Salomão, destruído em 586 a.C. pelos babilônios). E é  sob a cúpula que está a pedra de onde, segundo os muçulmanos – que veneram “pai” Abraão e mesmo Jesus -, Maomé teria ascendido ao Céu.

Em Jerusalém oro no muro com judeus e, no mesmo local, sob a Lua cheia, partilho com eles da alegria do Shabbat. Sinto Jesus no lugar provável de sua sepultura, segundo a tradição, e me curvo diante de Alá junto ao minarete da Al Aqsa. Mas também me entristeço com as vielas do distrito muçulmano tomadas por soldados israelenses no início da noite, sinal de que a intolerância e a fúria ainda nos separa e nos afunda nas ilusões que erguem a glória efêmera dos dominadores, como romanos, cruzados, otomanos, britânicos e todos os que algum dia tiveram o mando desta cidade.

Então, para mim mesmo, repito Jesus: “Jerusalém! Jerusalém!...”  Eu não poderia morrer sem tê-la conhecido.


[Próxima terça: Hebron, na Palestina ocupada]

[ Publicado na edição do Novo Jornal de 26/01/16 ]

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Twiggy
11 May 2016 20 39
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