Postado em 20 Apr 2016 05 35 Textos Anteriores
Devemos preservar a laicidade
do Estado, a verdadeira garantia da
liberdade de crença e de religião
por JOMAR MORAIS
Ao assistir na TV a sessão da Câmara Federal que votou a proposta de impedimento da presidenta Dilma Rousseff, fiquei surpreso com a quantidade e a desenvoltura de parlamentares que usaram exortações místicas e recorreram a preceitos morais de seus grupos religiosos para justificarem seus votos a favor do impeachment.
O nome de Deus foi invocado em vão dezenas de vezes, menções a “povo de Deus”, “governo de ímpio” e “nação de Israel” acompanharam os votos de deputados pastores e missionários. A chamada bancada evangélica mostrou o peso de sua presença no Parlamento brasileiro, embora esse fato não tenha, até agora, contribuído para moralizar ou elevar o nível da política que se ali se pratica.
Ao contrário, vários dos fervorosos deputados que insistiram em associar seu voto à religião e à moral cristã estão na mira do Ministério Público, sob acusações de corrupção, e outros já se encontram na condição de réus em processos de Justiça, como é o caso do próprio presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
Parenteses. É difícil para a imprensa estrangeira, como provam as reportagens publicadas nos últimos dias nos Estados Unidos e na Europa, entender como pessoas que respondem por dolo no exercício de função pública podem compor um “tribunal político” encarregado de julgar uma chefe de estado. Mas nós, brasileiros, já estamos acostumados e, certamente por isso, tal detalhe não mereceu destaque em nossa mídia e sequer nos tribunais.
Mas, voltando ao ponto, impactou-me ver homens assim, aparentando uma pureza sobre humana no território mais sagrado do Estado laico, passarem por cima do argumento jurídico para o impeachment – as tais “pedaladas fiscais” - e fundamentarem o voto favorável, por exemplo, na suposição de que o governo está “destruindo a família brasileira por ensinar sexo nas escolas”.
Sei que somos guiados o tempo todo por nossas crenças e não há mal que elas definam nossas escolhas na vida privada e na vida pública. Sei também que as igrejas evangélicas congregam quase 50 milhões de brasileiros e, assim sendo, é natural que estejam representadas no Congresso por seus membros legitimamente eleitos. Mas, se a fé nos impõe o dever de viver conforme aquilo em que acreditamos, o debate de interesse público exige que respeitemos a laicidade do estado, a verdadeira garantia da liberdade de crença e de religião.
A política pode ser um campo especial para religiosos contribuírem para a espiritualização do mundo, não pela imposição de preceitos desta ou daquela religião, mas através de uma prática ética a que todo caminho espiritual induz.
Nesse sentido, o exemplo de Gandhi, o apóstolo hinduísta que libertou a Índia sem violência e sem golpes baixos, é inspiração atualíssima. “Ele se recusou a traçar uma linha nítida entre a ética da vida cotidiana e a das autoridades”, diz Johan Galtung, sociólogo da Universidade Oslo, no livro “Gandhi Hoje”. “Mas Gandhi foi um gigante moral, um gênio ético”, acrescenta o sociólogo. “Quanto a nós, vivemos numa época diferente e temos os líderes que merecemos: anões morais, eticamente subdesenvolvidos”.
[ Publicado na edição do Novo Jornal de 19/04/16 ]
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Kayleen
15 May 2016 14 35
Oh, das hast du so schön geschrieben. Es ist wirklich ein wunderbares Buch und ich gebe zu, dass ich im Laden sicher nicht dazu gegriffen hätte. Man sollte sich wirklich nicht auf das äußere Eruebcinsngshild verlassen. Ich hatte aber das Glück, inzwischen das Buch von Mila als Wanderbuch bei mir beherbergen und lesen zu dürfen – sehr empfehlenswert! Nun werde ich mir auch die anderen Bücher von Mila Lippke holen! Wer so schön schreiben kann ….LG Meli http://xlqcwk.com [url=http://haumetojy.com]haumetojy[/url] [link=http://utofqffeter.com]utofqffeter[/link]
Stone
12 May 2016 01 20
Éb,kLegaözelevb majd én is csirkemájat készÃtek, lehet az finomabb :) Hát nem sok változást vettem észre, maximum annyit, hogy már nem félek a vérvételtÅ‘l :D