Postado em 05 May 2016 15 40 Textos Anteriores
Não seria fácil aprovar uma nova eleição,
mas deixar o povo votar seria a saída para
a crise, que deve continuar após o dia 11
por JOMAR MORAIS
A semana começou com o país debatendo a realização de eleições gerais em outubro. Enfim, no meio da crise que ameaça as instituições e a grandeza de nossa nação, surge uma proposta séria e digna. O povo, em nome do qual se tem falado para defender interesses de grupos e salvar a pele de homens corruptos, finalmente é lembrado para definir o destino do Brasil da forma mais confiável numa democracia: votando.
É balela dizer que multidões nas ruas representam a maioria. Quando muito espelham tendências e a capacidade de arregimentação de partidos e grupos e - no caso específico do impeachment da presidenta da República – da mídia partidarizada, aí incluída a maior rede de TV do país, a Globo.
Em nenhum momento me senti representado pelo barulho das manifestações que reuniram de Norte a Sul em seus momentos de pico, segundo os cálculos turbinados dos organizadores, não mais que 4 milhões de vozes num país de 204 milhões de habitantes e mais de 143 milhões de eleitores. Agora, pela primeira vez, vejo-me representado na ideia de antecipar as eleições e, imagino, assim também se sentem os milhões de cidadãos e cidadãs silenciosos cuja vontade vem sendo usurpada e manipulada em espetáculos midiáticos a peso de ouro.
Agora, talvez, tudo fique mais claro, as intenções sejam escancaradas: se tudo, à direita e à esquerda, vem sendo feito pelo bem do país, então que se deixe o povo decidir, que o povo vote.
Uma eleição geral este ano não é a melhor saída, pois, em princípio, fere uma decisão nacional selada nas urnas em 2014. Mas, dada a circunstância, é a solução possível, a mais justa e digna nesse momento. Afinal, vivemos um quadro de subversão ética, e mesmo constitucional, em que políticos réus em processos de corrupção e acusados de zilhões de falcatruas se tornaram juízes de uma presidenta que não é ré e nem figura – pelo menos até agora - em nenhuma acusação de corrupção, todos eles bradando o argumento de um “crime de responsabilidade” que, na verdade, tem sido prática contábil comum em todos os governos anteriores e nos atuais governos estaduais.
As pesquisas de opinião que indicam a impopularidade de Dilma Rousseff realçam também que os brasileiros (mais de 60%) também não querem Michel Temer, presidente de um partido, o PMDB, atolado até o pescoço em negociatas políticas e corrupção rasteira. E, certamente, rejeitariam a alternativa institucional, o atual presidente da Câmara, Eduardo Cunha, uma aberração política e moral que compromete o país aqui e lá fora.
A ideia de eleições gerais foi lançada pela Rede, de Marina Silva, no horário de propaganda política na TV. Agora, a ideia tem sido considerada até na base política de Dilma Rousseff que, se vencer a resistência de aliados radicais, poderia enviar ao Congresso a PEC das eleições ainda esta semana.
Não é algo fácil, pois levar a proposta adiante seria necessário contar com a anuência do próprio Temer que, a exemplo de Dilma, teria de renunciar ao seu cargo. Além disso, restaria a dúvida: o Congresso que está aí aprovaria uma PEC assim? A Globo e o resto da grande mídia concordaria em, pelo menos, noticiar esse movimento? Não sem pressão, sem mobilização popular.
Quem está ávido por abocanhar o osso do poder dirá não. Mas o povo, espera-se, saberá discernir.
[ Publicado na edição do Novo Jornal de 03/05/16 ]
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