Quem manda no mundo
Postado em 15 May 2017 19 28 Textos Anteriores












Disso Einstein já sabia: " A sorte das  
das nações, ao que parece, depende de  
homens sem escrúpulos e responsabilidade"  


por JOMAR MORAIS


Nossa última conversa, inspirada nos escândalos políticos que envolvem a multinacional brasileira de engenharia Odebrecht, levou-me à conclusão – óbvia para qualquer mente mediana e atenta – de que os estados contemporâneos servem ao poder econômico, sobretudo às megacorporações que subvertem a lei e substituem as prioridades públicas pelos interesses privados de poucos.

A corrupção é um fenômeno sistêmico. Não está relacionada especificamente a esse ou aquele líder, a esse ou aquele partido. Diz respeito à forma de fazer política e gerir negócios e, mais que isso, aos propósitos dos indivíduos que compõem a sociedade, a partir de um conjunto de crenças e valores dissimulados que, de fato, orientam a vida da maioria e, principalmente, dos que tem o comando das estruturas.

Sim, as instituições são feitas de gente. Gente como a gente, formada e educada no mesmo caldo cultural em que nascemos e crescemos, o que não significa que todos estejamos nivelados em inteligência e moralidade. Não são poucos os humanos que alçam voo acima da mediocridade e vislumbram possibilidades além do estreito horizonte egoico. Lamentavelmente, é raro, quase impossível, encontrá-los à frente das estruturas de poder que determinam o cotidiano de bilhões de pessoas.

Disso Einstein já sabia ao escrever a Sigmund Freud para propor-lhe uma ideia que jamais saiu do papel:

“Sempre admirei sua paixão para descobrir a verdade. O senhor explica com irresistível clareza o quanto na alma humana os instintos de luta e de aniquilamento estão estreitamente relacionados com os instintos do amor e da afirmação da vida. Ao mesmo tempo, suas exposições revelam o desejo profundo e o nobre ideal do homem que quer se libertar completamente da guerra. Por essa profunda paixão se reconhecem todos aqueles que, superando seu tempo e sua nação, foram julgados mestres espirituais ou morais. Descobrimos o mesmo ideal em Jesus Cristo, em Goethe ou em Kant! Não é bastante significativo ver que esses homens foram reconhecidos universalmente como mestres apesar de terem fracassado em sua vontade de estruturar as relações humanas?

“Estou persuadido de que os homens excepcionais que ocupam a posição de mestres, graças a seus trabalhos (mesmo em círculo bem restrito), participam desse mesmo nobre ideal. Não têm grande influência sobre o mundo político. Em compensação, a sorte das nações depende, ao que parece, inevitavelmente de homens políticos sem nenhum escrúpulo e sem qualquer senso de responsabilidade”.

A ideia de Einstein era que intelectuais e mestres morais da humanidade se reunissem em uma organização capaz de influenciar as estruturas por meio de alertas, argumentos e campanhas direcionadas à justiça, ao bom senso e à paz. Lamentavelmente, mais de 70 anos depois, apesar dos progressos realizados, os estados, as organizações e as nações continuam sendo guiadas por líderes sem escrúpulos e sem responsabilidade, sustentados por bilhões de almas subjugadas à ignorância e ao jogo dos desejos.

[ Publicado na edição do Novo Jornal de 09/05/17 ]

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