Postado em 11 Mar 2015 01 19 Textos Anteriores
O mau uso da Internet estaria levando
ao aumento da intolerância e à
concentração de poder econômico
por JOMAR MORAIS
Desde que a Internet tornou-se essa varinha mágica sem a qual, imaginamos, as pessoas já não poderiam respirar, a economia entraria em colapso e os governos perderiam sua capacidade de bisbilhotar cidadãos, não para de aflorar críticos da rede e seus perigos. A Internet que clareia nossos caminhos com conhecimento, versatilidade, liberdade e relacionamentos tem também o seu lado obscuro e traiçoeiro.
Recentemente, um desses críticos, o historiador e cientista social anglo-americano Andrew Keen, foi implacável ao apontar em seu novo livro The Internet Is Not The Answer ("A internet não é a resposta") um detalhe que analistas e usuários da rede não costumam enxergar. “A Internet aprofundou a concentração de poder econômico” diz Keen. “Há sinais claros de que ela alimenta monopólios”. Concentração de poder econômico, como se sabe, significa menos democracia e menos liberdade, justamente o contrário da paisagem cor de rosa que sustentamos quando falamos das possibilidades da net.
Para Keen faz diferença uma rede desenvolvida, sem controles, por empresas privadas, – com seus leviatãs do tipo Google, Facebook e Amazon – e uma rede protegida por controles sociais e a atenção dos governos em defesa das pessoas e da liberdade. No panorama atual pode ter sobrado para as multidões a ilusão de um uso individualista e ingênuo dos recursos tecnológicos, sujeito a manipulações e a todo tipo de desvio ético.
O autor reconhece a importância da rede para a mobilização social, como ficou provado nos casos da chamada Primavera Árabe e no movimento Occupy, em Nova York, mas admite que também aqui podemos estar superestimando os dados, pois até nessas circunstâncias o narcisismo parece vencer a coletividade. Ele acredita que, na net inteira, “há uma tendência preocupante de preponderância de discursos individualistas sobre o interesse social”.
Numa entrevista à BBC, Keen pôs o dedo numa das feridas expostas da Internet: a rede pode estar contribuindo para a fragmentação de ideias e debates, já que tantas facilidades para escolhermos o que queremos ver ou ouvir faria com que menos e menos debates ocorram.
Para Keen, isso atua como um catalisador para a intolerância. “É como se agora tivéssemos a capacidade de formar turbas instantâneas para julgar pessoas de cuja existência nós sequer saberíamos sem o alcance da rede”.
Os perigos da Internet, na verdade, não dizem respeito à tecnologia, embora certas especificidades tecnológicas possam estimulá-los. As tecnologias em si mesmas são neutras e flexíveis, prestando-se a servir às intenções humanas. Seu bom ou mal uso tem a ver com o homem e seu olhar sobre si mesmo e sobre o mundo, sua maturidade emocional e seus valores éticos.
Até aqui, manipuladores e manipulados expõem na net a força de nossas pulsões instintivas e a infantilidade de nossos devaneios. O perigo da Internet está na “peça” da engrenagem acomodada entre a cadeira e o teclado.
[ Publicado na edição do Novo Jornal de 09/03/15 ]
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Jeni
19 Dec 2015 07 34
FABIOLA VERGEL BORDOY disse:Moro em Pindamonhangaba/SP (interior) e estou de mudane7a para Arauce1ria PR, preciso de ajuda, grtiaosa de apto ou casas para aluguel com 03 dorm. em um bom bairro com Padaria/escola perto ou prf3ximo e quanto a valores, depende muito se eu aprovar a casa, ok. De prefereancia mande fotos.GratoFabedola
Hishgee
17 Dec 2015 09 41
Muito bom Beto. Sem vocea jamais tieoamrs estes momentos registrados. Espero que a ABES tenha como armazenar este acervo para no futuro relembramos o nosso passado. As coisas boas que estamos fazendo Uma abrae7o, Vitorio.