Postado em 22 Jun 2015 18 42 Textos Anteriores
O sucesso estimula o progresso, mas
pode nos levar ao inferno, se não estiver
sincronizado com um projeto de autorrealização
por JOMAR MORAIS
O sucesso e a autorrealização não são incompatíveis. É possível que ambos se manifestem de mãos dadas em nossas vidas, mas é fato que isso é menos comum do que sugerem os sorrisos e as frases prontas das pessoas.
Segundo o dicionário, sucesso é conseguir um bom resultado. Segundo a psicologia, a autorrealização é a realização do potencial máximo do ser, aquilo que dá sentido à sua vida e lhe concede felicidade. Segundo o vocabulário da fatuidade, corrente no cotidiano das celebridades, sucesso e realização são sinônimos e ambos se resumem em ser famoso e festejado.
Prefiro encarar sucesso e autorrealização como coisas distintas, não necessariamente complementares e, não raro, contraditórias, como demonstram os testemunhos de tantas vidas conturbadas ou bem-aventuradas e os registros de confidentes, psicólogos e atestados de óbitos.
O sucesso, do modo como o concebe nossa sociedade fugaz e utilitarista, é a realização máxima do desejo e do individualismo, a justa retribuição ao “vencedor” que se impôs aos fracos e às adversidades do caminho. Pode-se “medí-lo” pelo tempo de exposição midiática ou pelo número de “seguidores”, jamais pelos níveis de satisfação íntima e serenidade.
O sucesso estimula o progresso, individual e coletivo, mas pode ser uma via de acesso ao inferno, quando não conseguimos sincronizá-lo a um projeto de autorrealização. Isto é, quando o que fazemos para alcançar o sucesso segue na contramão de nossas crenças mais íntimas ou apenas ocupa o vazio de uma alma que ainda não encontrou um sentido para a sua existência e o seu fazer.
Sob tais condições, a celebridade e a fama não passam de fogueira das vaidades onde somos consumidos pelo fogo dos invejosos e por nossas próprias compulsões, até que a solidão e a dor nos remetam a um nível mais alto de consciência. O sucesso, assim, nos fragiliza e nos destrói.
A autorrealização, por sua vez, será mais prazerosa se adornada com o louro do sucesso, mas jamais será incompleta ou menos gratificante se lhe faltarem os aplausos e os salamaleques. Ela é, em si, a afirmação do ser, de sua autenticidade, através da realização de seus potenciais e crenças. Sua ocorrência não está subordinada a concessões inescrupulosas a egos inflados ou ao humor ciclotímico das massas. Pode nos colocar em contato com a dor, mas nunca nos tira a paz, a alegria e a leveza de uma consciência sem culpas.
A autorrealização é baseada no sentido atribuído à vida. E o sentido nos torna fortes e destemidos.
Foi isso o que o psiquiatra austríaco Viktor Frankl , pai da logoterapia, constatou ao viver o inferno de um campo de concentração nazista, durante a Segunda Guerra.
Ali, muitos prisioneiros jovens e fortes debilitavam-se e morriam antes de homens idosos ou frágeis e a diferença crucial entre os dois grupos, segundo Frankl, era a fé e o significado existencial. Os que sobreviviam tinha atribuído às suas vidas um sentido maior.
[ Publicado na edição do Novo Jornal de 16/06/15 ]
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