Postado em 30 Jun 2015 17 40 Textos Anteriores
Não conseguimos ser universais sem
reconhecer e amar nossas raízes
e a nossa identidade étnica
por JOMAR MORAIS
Se alguém me pedisse uma dica para curtir o São João do Nordeste, minha primeira indicação seria Recife. Passaria por cima de Caruaru, de Campina Grande e de Mossoró, cidades cujos festejos juninos se transformaram em megaeventos nacionais, ao custo de muita grana e alguns golpes na tradição.
Indicaria Recife por seu formato de forrós aconhegantes, realizados em pequenos espaços repletos de história, como a Praça do Arsenal e o Pátio São Pedro, animados apenas por artistas locais, com música de raiz, criativa e dançante. E se o meu interlocutor aceitasse o conselho, de pronto eu acrescentaria: se vai, não perca o show de Santana, o cantador.
Santana é, na verdade, um poeta popular que canta. Seu visual no palco é o anticlimax das superproduções encenadas por cantores jovens, com suas roupas de grife ou design exclusivo, em shows onde explodem efeitos especiais, coreografias e refrões vulgares, enquanto escasseam acordes e poesia. Santana, 55 anos, é baixinho, rústico e usa jibão e chapéu de couro. Mesmo assim domina a cena, disparando setas ao coração e à inteligência. Ele consegue pontuar seu rico repertório musical com versos declamados, sem estragar o ritmo da festa. E desse mix emerge o aroma dos sentimentos que nos fazem sonhar. Um show de Santana é 100% dançante sem deixar de ser romântico, gentil e, às vezes, épico.
Voltei a ver Santana no Pátio São Pedro e, dessa vez, me surpreendi, não apenas com o cantor, mas com o povo pernambucano. Jamais eu imaginaria que, no meio de um forró, um artista pudesse puxar o hino de Pernambuco e fazer milhares cantarem, sem que nenhum dos casais que dançavam coladinho ensaiasse um protesto ou batesse em retirada.
Na madrugada do domingo, véspera de São Pedro, o povão ecoou, como num estádio em delírio: “Liberdade! Um teu filho proclama! / Dos escravos o peito se inflama / Ante o Sol dessa terra da Cruz!" Então, emocionado, vagueei diante da paisagem setecentista da Igreja de São Pedro dos Clérigos e do casario do século 18 em volta, lamentando que não estivessem ali todos os brasileiros para aprender a lição.
Não concordo com o nacionalismo xenófobo, que põe homens contra homens em nome da tradição, da etnia e da geografia. Sinto-me bem como filho da Terra. Entendo, porém, que não conseguimos ser universais sem reconhecer e amar as nossas raízes e a nossa especificidade. Na unidade do universo, brilha a diversidade infinita. A harmonia da orquestra é resultado dos sons distintos de instrumentos únicos.
Num momento em que nosso velho complexo de inferioridade reacende em mentes e corações ideias de que valemos tão pouco e que o melhor está sempre fora de nossa cidade ou de nosso país, ouvir o hino de Pernambuco entoado com paixão talvez nos remeta à clareza sobre nossa identidade: acima das disputas intestinas, somos uma nação! Uma gente única, com sua sombra e sua luz.
[ Publicado na edição do Novo Jornal de 30/06/15 ]
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Robert
19 Dec 2015 17 56
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Mayara
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