O verdadeiro acesso à cultura
Postado em 09 Apr 2015 13 20 Cultura Popular



Peça de Teatro "As cores de Frida", promovida pelo Espaço AVOANTE, em Currais Novos/RN.


Nas últimas décadas o povo acostumou-se a ir à praça
"receber" cultura. Através de parcas (pouquíssimas mesmo) peças teatrais, um teatro de mamulengos aqui e acolá de passagem pela cidade e uma crescente participação de bandas de "música ligeira", como diria o filósofo Adorno, com letras que nem de longe lembram a diversidade e força da cultura de Luiz Lua Gonzaga,
uma das mais completas, importantes e inventivas figuras da música popular brasileira. Mas acreditamos que muito além do acesso à fruição apenas, as pessoas devem ter também o direito de produzir cultura.

Em Currais Novos as ONGs AVOANTE e CASARÃO DE POESIA têm lutado para inverter essa polaridade, colocando as pessoas no "palco", como protagonistas de uma nova realidade cultural, e não apenas sentadas em cadeiras de plástico, vendo o bonde e a banda passar.  Através de oficinas de escultura, grafitagem, desenho, pintura, quadrinhos, poesia e música várias pessoas da comunidade têm despertado suas consciências para novas possibilidades estéticas.

Alguns alunos que tiveram o primeiro contato com a combinação de sons através dos cursos de música do Casarão - violão, flauta doce e sanfona, ministrados desde 2008 pela ONG - atualmente já fazem o Curso Técnico de Música na UFRN. Outros que fizeram os cursos de desenho e pintura, através da Associação AVOANTE hoje em dia trabalham essas artes na própria cidade, na região e alguns até já exportaram suas atividades criativas para o exterior.

O verdadeiro acesso à cultura é aquele que acolhe e possibilita o uso da criatividade para o despertamento do ser, proporcionando seu crescimento interior. No Brasil necessitamos ainda de muitas iniciativas no sentido de propiciar aos nossos jovens e às pessoas como um todo o prazer de descobrir uma nova realidade através do olhar e do sentir cultural. As iniciativas já existentes são focos de resistência contra a mediocridade cultural reinante, onde um mercado de massa engole a sensibilidade dos indivíduos, transfomando-os em meros espectadores de situações emblematizadas e resumidas na programação sanguinária, alienada e aviltante veiculada pela TV aberta. Contudo a esperança num mundo melhor com a ajuda da cultura segue firme. Em um ponto ou outro do país surgem sempre novos amigos interessados na transformação social pela arte, sempre sensibilizante e viva, pulsante e criativa.

Wescley J. Gama



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