Aconteceu no ano de 1972.  Numa visita de Felipe Tiago Gomes* ao Ginásio Cenecista Mericoense, os alunos ganharam réguas verde e amarelas com a marca do sesquicentenário da independência, além de gibis e coquetéis de palavras cruzadas.

A empolgação dos alunos com aquela, até então, desconhecida modalidade de passatempo foi enorme. Tanta que um professor instituiu um prêmio para quem primeiro preenchesse o livreto.

Zeca Paulo, conhecido pelo seu desempenho escolar bem acima da média,  foi o primeiro a procurar o organizador do concurso.

- Apenas dois dias, e você já respondeu tudo, Zequinha?

- Não, professor. Tem um erro naquele negócio... Só pode tá errado.

- E o que você acha que está errado?

- Já tentei de todo jeito e maneira. Já perguntei a todo mundo, até a gente que é professor e ninguém sabe a resposta. Só pode tá errado.

- Mas o que, enfim, está errado?

- A pergunta é: opera de verde.  E quem é que opera de verde? Pelo que eu e todo mundo sabe, quem opera de verde é médico, doutor, cirurgião, esse povo aí...

- E não cabe nenhuma dessas respostas nos quadrinhos?

- Não, senhor. Só tem quadro pra 4 letras. Tinha que ter era 6.

Ninguém concluiu a tarefa e o prêmio foi sorteado numa comemoração da escola.  Decorrido um bom tempo, o professor, por curiosidade, perguntou:

- Zequinha, você conseguiu descobrir a resposta para aquela questão do coquetel?

- Não, professor. Continuo perguntando... Mas não tem jeito, ninguém sabe.

- Ô, menino! Me faça um favor: traga esse coquetel aqui que eu quero dar uma olhada nesse mistério.

Ele trouxe e o professor, prontamente, falou:

- A resposta é Aída.

- Ôxente! E quem é esse aída que opera de verde?

- Aída não opera de verde, Zequinha.  Aída é uma ópera de Verdi. Ópera de Verdi, Aída! Sacou?

- Putzgrila, professor! Mas... agora já era.

- É, amigo, você é inteligente paca, mas nessa entrou pelo cano.

- Entrei mesmo... Respondeu rindo para o professor que, também, ria.

Aldenir Dantas