Postado em31 May 2020 16 30 FALANDO SÉRIO...
ARMADILHAS
Que me desculpem os que não matam nem um mosquito da dengue, mas, após sofrer vários ataques de potós e pernilongos, enquanto trabalhava nessa quarentena, revidei montando uma armadilha.
O artefato composto por uma bacia d’água, um espelho e uma luminária desviaria a atenção dos insetos da tela do meu notebook para a luz refletida na água, onde morreriam. Deu certo, em parte.
Os meus visitantes noturnos cederam ao engodo e se viram às voltas com uma emboscada em suas breves vidas de insetos.
Contudo, observando-os, constatei que reagiram de formas diversas, conforme as habilidades que lhes deu a mãe natureza:
Uns mergulharam e, rapidamente, afogaram-se; outros ao tocar na água levantaram voo e seguiram adiante; muitos se debateram longamente até sucumbirem; outros, nadando, atingiram a borda da bacia e salvaram-se; alguns caminharam, literalmente, sobre as águas; outros fizeram da bacia d’água uma piscina olímpica, nadaram, foram ao fundo num invejável mergulho e se foram quando bem entenderam...
Agradou-me ver que, entre os mortos, estavam os potós.
Subestimei meus incômodos visitantes nas suas múltiplas possibilidades de reação àquela armadilha que, na condição de insetos, a vida colocara em seus trajetos.
Isso me fez refletir sobre as armadilhas que, na condição de humano, a vida coloca em meus caminhos e como reajo a estas.
Como reajo? Qualquer reposta estaria permeada por achismos, imprecisões... Só saberei na prática.
E você, como reage às armadilhas espalhadas pela vida em seus caminhos?
Aldenir Dantas
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