BOLSONARO E A PERCEPÇÃO DO MUNDO
Postado em03 Apr 2021 12 31 IMPRESSÕES




Atualmente, há quem faça analogia entre o Universo e um software. No passado, a partir da invenção do relógio mecânico, na Idade Média, essa comparação foi feita com um relógio.

Descartes desenvolveu esse modelo de pensamento e Newton o consolidou, através da Ciência.  A partir de então, homens, animais e plantas passaram a ser considerados como máquinas.  Se as peças/órgãos humanos funcionam bem, o indivíduo é uma máquina perfeita. Timidamente, a Holística, a Teoria dos Sistemas e pensamentos afins ganham espaço em nossos dias mas, a medicina, ainda hoje, segue este paradigma: se uma peça apresenta defeito, conserta com medicação, retira ou substitui cirurgicamente.

Este conceito, oriundo do século XVII, também está muito presente na política. A prova disso é vermos nos noticiários e rede sociais, pessoas apontando, isoladamente, Jair Bolsonaro como uma engrenagem defeituosa que precisa ser substituída para resolver os graves problemas que assolam o Brasil.

Contudo, a contemporaneidade (ou pós modernidade) nos convida para sairmos deste modelo mecanicista, válido por 300 anos. Reflitamos: Quem produziu esta peça/presidente?  Quem a colocou no relógio/poder?  Que engrenagens/comandos a fazem funcionar? Que engrenagens/comandadas funcionam em função dela?

Muitos dos que vociferam contra Bolsonaro, bradam igualmente contra a política, tratando-a como algo irremediavelmente negativo, composta por oportunistas e outras classes indesejáveis.  Contudo, diz a razão que, levar o atual presidente ao cadafalso ou ao pelotão de fuzilamento (metaforicamente falando, ou não) poderia causar em alguns a falsa sensação de solução, mas seria mero engano. Jair Bolsonaro não é um problema de ordem pessoal, nem de uma só pessoa. É, sobretudo, um problema político e é sob este aspecto que precisa ser tratado.

Reconhecemos que a sua postura gera prejuízos, desconfortos e entraves em todas as áreas. Todavia, precisamos focar é o relógio arcaico, viciado e enferrujado no qual ele, enquanto peça, está inserido. Trata-se de um modelo medieval, do tempo dos pêndulos. Acordemos! Em 1982, Fritjof Capra, em seu livro Ponto de Mutação, nos lembrava que as máquinas pesadas foram substituídas por microchips e os pêndulos por cristal de quartzo.

Ou tratamos Bolsonaro como deve ser tratado, um problema político, ou estaremos condenados a um ciclo vicioso esperando super-heróis, comprando salvadores da pátria fabricados pela grande mídia e trocando seis por meia dúzia.

Aldenir Dantas


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