Postado em15 Jul 2024 03 09 GERAIS
Cecília de França, como todas as pessoas do reino, trilhava a longa estrada enfrentando sol, chuvas, nevascas, furacões... em meio a uma ou outra amenidade.
Naquele dia, os hercúleos esforços que fizera não serviram, sequer, para dar um passo adiante.
Não mais resistindo, deixou-se sentar à beira da estrada.
Exaurida, sem palavras, restaram-lhe forças, apenas, para estender a mão aos passantes.
- Ergas a cabeça! Uma filha de França não pode soçobrar à beira da estrada! - Falou um empertigado parente com gesto teatral.
- Ergas a cabeça! Uma filha de França não pode soçobrar à beira da estrada! - Falou um empertigado parente com gesto teatral.
Limitada em seus sentidos, Cecília percebeu, apenas, sons e movimentos inteligíveis.
- Segura na mão de Deus e ele te sustentará! - Falou o velho e bom pároco da aldeia e seguiu, deixando-a de mãos estendidas e sem compreender aquelas palavras distantes, desconexas.
- Não creiais nos deuses, nem nos homens! Supera-te a ti mesma, levanta-te e sigas o teu caminho! Tu podes! - Falou em tom professoral o mestre da aldeia e, como os demais, seguiu deixando-a cada vez mais atordoada, fragilizada...
- Não te darei comida, nem te estenderei a mão. Mas dar-te-ei três motivos para te levantares e seguires: fé em Deus, respeito à família e amor à pátria. – Vociferou do alto da sua montaria um cavaleiro de armas.
Olhando para o cidadão de bem que a fitava com um misto de superioridade e desprezo, Cecília desenhou nos lábios a fúria de um grito: foda-se! Mas, antes de externá-lo, lembrando-se de um jovem estrangeiro que, desde a sua adolescência, a inspirava, de olhos fechados e cabeça erguida, balbuciou como se falasse aos céus:
- Pai, perdoai-os, eles não sabem o que fazem.
Sem de nada se aperceber, o senhor de bem seguiu empertigado em sua montaria, orgulhoso do dever cumprido, enquanto se aproximava o mancebo responsável pela limpeza dos detritos do castelo tocando uma flauta. Vendo a caminhante extenuada, silenciou o instrumento, olhou-a com olhos entristecidos e, tocando-lhe na mão, falou:
- Eu te compreendo.
As palavras do jovem romperam barreiras, atingiram profundezas e trouxeram luz aos olhos turvos de Cecília.
- Posso sentar ao teu lado? Conversaremos sobre o que desejares... Depois, seguiremos a estrada apoiando-nos mutuamente enquanto se fizer necessário e nos for permitido. – Falou o jovem, enquanto lágrimas iluminavam os olhares.
- Mesmo que me perca nessa longa travessia, jamais esquecerei a tua compreensão. – Falou ela comovida, sentindo renovarem-se as forças para seguir adiante.
Aldenir Dantas.
- Segura na mão de Deus e ele te sustentará! - Falou o velho e bom pároco da aldeia e seguiu, deixando-a de mãos estendidas e sem compreender aquelas palavras distantes, desconexas.
- Não creiais nos deuses, nem nos homens! Supera-te a ti mesma, levanta-te e sigas o teu caminho! Tu podes! - Falou em tom professoral o mestre da aldeia e, como os demais, seguiu deixando-a cada vez mais atordoada, fragilizada...
- Não te darei comida, nem te estenderei a mão. Mas dar-te-ei três motivos para te levantares e seguires: fé em Deus, respeito à família e amor à pátria. – Vociferou do alto da sua montaria um cavaleiro de armas.
Olhando para o cidadão de bem que a fitava com um misto de superioridade e desprezo, Cecília desenhou nos lábios a fúria de um grito: foda-se! Mas, antes de externá-lo, lembrando-se de um jovem estrangeiro que, desde a sua adolescência, a inspirava, de olhos fechados e cabeça erguida, balbuciou como se falasse aos céus:
- Pai, perdoai-os, eles não sabem o que fazem.
Sem de nada se aperceber, o senhor de bem seguiu empertigado em sua montaria, orgulhoso do dever cumprido, enquanto se aproximava o mancebo responsável pela limpeza dos detritos do castelo tocando uma flauta. Vendo a caminhante extenuada, silenciou o instrumento, olhou-a com olhos entristecidos e, tocando-lhe na mão, falou:
- Eu te compreendo.
As palavras do jovem romperam barreiras, atingiram profundezas e trouxeram luz aos olhos turvos de Cecília.
- Posso sentar ao teu lado? Conversaremos sobre o que desejares... Depois, seguiremos a estrada apoiando-nos mutuamente enquanto se fizer necessário e nos for permitido. – Falou o jovem, enquanto lágrimas iluminavam os olhares.
- Mesmo que me perca nessa longa travessia, jamais esquecerei a tua compreensão. – Falou ela comovida, sentindo renovarem-se as forças para seguir adiante.
Aldenir Dantas.
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Fátima
22 Jul 2024 17 02
Belo e comovente!