Trata-se do primeiro número publicado sem a assinatura dos seus criados Uderzo e Goscinny, o último morto em 1977 com apenas 51 anos, pondo fim a uma parceria de grande sucesso.

Possivelmente, devido a este fato, percebe-se que, nas últimas publicações, a qualidade dos textos foi sensivelmente comprometida mas, para alegria dos admiradores, voltamos a ter um Asterix de boa qualidade. E pelo que pude observar,  permanece tudo em ordem, na famosa aldeia: o Bardo sendo atirado ao mar, o festival de trocadilhos, Naftalina gerando ciúmes em Abracurcix, Veteranix dando trabalho a sua jovem e bela esposa, enfim, reina a paz naquele pequeno pedaço da França, no século I a.C.

A dupla que passou a assinar a revista é Jean-Yves Ferrari (texto) e Didier Conrad (desenhos) e conta com o aval e as palmas dos criadores Albert Uderzo e  René Goscinny, através da sua filha Anne Goscinny.

Vejamos, através do trecho a seguir, se esse não é o bom e velho Asterix de sempre:

Aparece um bonitão na aldeia, a mulherada começa mimá-lo excessivamente e bate a ciumeira nos homens:

Abracurcix, o Chefe (Para a mulher): Está se preocupando um pouco demais com esse Picto, Naftalina!

Naftalina: Verdade, ele me lembra alguém.

Abracurcix: COMO ASSIM, ELE ME LEMBRA ALGUÉM?

Naftalina: Ele me lembra um jovem guerreiro ruivo que me fez sonhar, no passado...

Abracurcix: UM JOVEM GUERREIRO RUIVO? QUE JOVEM GUERREIRO RUIVO?

Naftalina: Não sei, ele era mais magro na época.

Abracurcix: ???

Só tenho a lamentar o fato do meu personagem favorito, o bardo Chatotorix, continuar cerceado no seu direito de participar ativamente das aventuras e, sobretudo, de cantar. Mas, se assim não fosse, não seria “As Aventuras de Asterix, o Gavlês”.   

Aldenir Dantas