UM DIAGNÓSTICO POPULAR E GENÉRICO PARA SÍNCOPE VASO VAGAL, LIPOTIMIA E HIPOGLICEMIA
Postado em13 Feb 2015 17 42 HISTORIAS DE MERICO


Zoró, sua mulher e seus cinco filhos, pequenos de cobrir com um balaio, moravam na última casa da rua da palha.

Os meninos tinham os globos oculares tão salientes que pareciam cobiçar  continuamente um prato suculento.

Não podiam ver alguém comendo que se punham a espiar tanto e tão intensamente que deixava qualquer um sem jeito.

Andavam tão sujos que pareciam recém-saídos do borralho.

Os maiores sabiam palavrões que nem todos adultos conheciam. Os menores zanzavam nus pelos terreiros e monturos com o dedo na boca e o nariz a escorrer.

A vida de muita gente em Mericó era permeada de privações. Contudo, aquela família era o símbolo maior da fome, morando numa tosca casa coberta de palha, sem trabalho, sem saúde, desprovida de qualquer assistência, a cobiçar o prato alheio com aqueles olhos grandes e tristes.  

Numa tarde, o pai foi encontrado por um caçador, caído à beira de um caminho, desacordado e com o rosto coberto de sangue.

Assustado pela sua palidez cadavérica e receoso de complicar-se perante a lei, o homem correu à cidade e comunicou o fato ao delegado que se dirigiu ao local acompanhado do cabo e do único soldado da corporação.

Encontraram ZorÓ sentado, enxugando com a camisa o sangue do rosto, tendo ao lado uma foice e uma confuso de gravetos de lenha espalhados pelo chão.

Ao contrário do que se imaginou, não fora atacado por um malfeitor. Caíra enquanto conduzia um feixe de lenha e ferira-se ao bater num toco pontiagudo.

Amparado pelos policiais, foi ele conduzido ao posto de saúde que, coincidentemente, contava com atendimento médico naquele dia.

Após curativo e outros procedimentos médicos, sua mulher, cercada de meninos e impaciente com a demora, tanto insistiu que o médico, a pedido da atendente veio esclarecê-la.

- Minha senhora, precisa ter paciência. Pois ainda não temos um diagnóstico do problema do seu marido. Isso pode levar um bom tempo e talvez tenhamos de levá-lo para Cuité.

- Dotô, e qui negoço é esse de guinosto tão difici e custoso?

- Senhora, precisamos descobrir o que ele tem.

- Mar num cridito não, dotô! O sinhô perdeno esse tempo todim, pra discubri uma coisa queu merma sei. Só era tê me preguntado, homi! Intonce, dêxe Zoró i simbora queu sei qualé a duença dele...

- Está bem, senhora. E qual é, então, a doença do seu marido?

- Turica de fome, dotô. Vixe! Já teve munto isso.

Calado, o médico coçou o queixo, balançou a cabeça como se não quisesse acreditar no que ouvira e, sem saber o que dizer, olhou para a atendente como quem pede socorro.

- Acho que ela tem razão, doutor. - Respondeu a moça, com cuidado.

Enfiando a mão no bolso, o médico tirou algumas cédulas e, sem conferi-las, as entregou à mulher:

- Tome aqui uma ajuda pro remédio do seu marido e pode levá-lo pra casa.


Aldenir Dantas


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Honeysuckle
12 May 2016 14 44
Hui, das ist eine Torte für einen Festtag. Zu schade, dass man nicht nach innen gucken kann, aber was man bereits sieht und was man sich dazu vorstellt, ist schwer vehÃh¼rreriscf!
Janessa
11 May 2016 23 21
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