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O golfo de Corinto visto da cidade velha, onde o apóstolo Paulo anunciou Jesus junto ao templo de Apolo. Ao fundo, o monte Parnasso, abrigo do oráculo de Delfos, que inspirou o filósofo Sócrates.
Pelos caminhos de Sócrates e Paulo
Nesse cenário de montanhas, águas azuis e 1400 ilhas, brotaram a filosofia, a democracia e a base de apoio para o Cristianismo firmar-se como religião
por Jomar Morais
O poder das ideias
[Texto escrito em Atenas, diante da Acrópole, em 08/02/2010 e publicado no Novo Jornal]
Diante da banca de jornais em Atenas tento ler dezenas de manchetes. Em vão. Nada entendo. Até o alfabeto é outro. Aquilo tudo pra mim é grego... Mas não é preciso dominar o idioma local para perceber o que se passa no país. Basta olhar para as ruas. Aumento da mendicância, protestos contra medidas de aperto na economia, confrontos por causa da imigração... O congresso deve votar já uma lei dura sobre estrangeiros. Com o desemprego em alta, sobrou para os 2,5 milhões de imigrantes, muitos vivendo de biscates.
A Grécia, como Portugal, está em crise. Mas isso é conjuntura, logo os gregos encontrarão sua saída. O que importa - e isto resume o grande fascínio desta nação milenar - é o patrimônio de idéias que em sua saga os gregos, principalmente os de Atenas, legaram à humanidade.
Aqui nasceu a democracia, depois aperfeiçoada e ainda hoje insubstituível, apesar de suas fragilidades. Aqui a condição humana, bela e horrenda, sempre contraditória, nos foi revelada na mitologia que, hoje como ontem, é o único espaço onde conseguimos reconciliar nossas polaridades. Aqui a sabedoria e a arte reafirmaram o poder das idéias luminosas frente a escuridão da força bruta.
Não foram os gregos que patrocinaram a expansão de sua cultura na antiguidade, mas seus eventuais dominadores, como Alexandre da Macedônia, o Grande, e imperadores romanos, principalmente Adriano, todos rendidos à inquietação e ao refinamento do pensamento que aqui brotou. E, no ano 51, ao discursar para os filósofos atenienses na colina do areópago, o apóstolo Paulo abriu caminho para a sedimentação de nossa civilização judaico-greco-romano.
Ao percorrer a Ancient Ágora, o centro comercial da antiga Atenas, lembrei dos filósofos que, naquelas mesmas ruas ou em academias nas vizinhanças, provocavam seus contemporâneos a pensar. Os estóicos, conclamando à dignidade ante a dor. Os epicuristas, ensinando a busca do prazer pela ação correta, o que hoje é confundido com mero hedonismo. Os céticos, os cínicos... Lembrei, sobretudo, de Sócrates, o maior de todos eles.
A Sócrates devemos a maiêutica, um jeito tão simples e tão eficiente de alcançarmos o conhecimento, a iluminação: desconfie de suas certezas e faça perguntas a si mesmo, aprofundando cada vez mais o questionamento.
Seus ensinamentos talvez possam ser simbolizados na frase que mais repetia: "Só sei que nada sei". Ou no ensinamento inscrito à entrada do oráculo do templo de Apolo, em Delfos, que ele ecoava pela Ágora: "Conhece a ti mesmo".
Eis o segredo de uma vida consciente, aberta e despojada - e, portanto, livre e feliz. Mas isso, desde sempre, é muito perigoso para qualquer sistema de poder, individual ou coletivo, sempre baseado em apegos, aversões e submissões. Acusado de corromper a juventude, Sócrates foi preso e condenado a tomar veneno. Morreu sereno. Era um homem livre e iluminado.
Museu Nacional de Arqueologia, um programa imperdível
Máscara do grande rei Agamenon: arte micênica em ouro
A pequena colina do Areópago e a Atenas contemporânea
Interior de uma Igreja Ortodoxa: beleza despojada
ONDE FIQUEI EM ATENAS
Cecil Hotel, rua Athinas, 39, a 100 metros da estação Monastiraki (metrô). Vista para a Acrópole, café da manhã, internet gratuita, acesso a pé às atrações da região central e à Acrópole. Metrô até o aeroporto. Diária: 30 euros (ap. com banheiro).
COMO CHEGUEI
O PÉRIPLO
Decidi ir à Grécia quando já estava de mochila pronta para voar à Ilha da Madeira, via Lisboa. Descobri uma oferta da Lufthansa imperdível: Lisboa-Atenas-Lisboa, via Frankfurt, por 200 euros. Mantive a viagem à Madeira, mas inclui em meu roteiro o novo trecho. Pena que fiquei pouco tempo, mas a Grécia me aguarde: eu voltarei.
No inverno, o frio e o mar agitado desaconselham visitas às ilhas gregas - são 1400, pouco mais de 200 habitadas. Mas é na Grécia continental que estão os grandes atrativos culturais. De Atenas, chega-se a Corinto, Delfos, Olímpia e Esparta de trem ou ônibus. Um bom guia, como o Lonely Planet, dá todas as dicas.
JM na colina do Areópago, local onde, no ano 51, o apóstolo Paulo falou aos gregos e converteu Dionísio, o santo padroeiro de Atenas. Atrás, a Acrópole (cidade alta), o mais importante sítio histórico do Ocidente.
Acima, o Odeon de Herodes Ática, construido pelo rico romano na encosta sudoeste da Acrópole, no ano 161. Ao lado, escultura de um antigo atleta no Museu Nacional de Arqueologia.
Parthenon, a "casa da virgem", é o grande templo edificado entre 447 e 438 a.C. Sob seu teto azul, ornamentado de estrelas, estava a estátua de Atena Polias, a mais impressionante da antiguidade.
Ruínas da velha Ágora de Atenas, a área do mercado, onde Sócrates realizava suas pregações. Ao fundo, o Templo de Hefesto, o deus do fogo, única construção da área que se manteve preservada.
Eis o que restou do templo de Apolo em Delfos, no alto do monte Parnasso. Aqui ficava o famoso Oráculo de Delfos, tido como o mais poderoso da Grécia antiga e ao qual recorriam governantes e sábios.
Ao alto, JM junto a um sepulcro de mármore no jardim do Museu Arqueológico de Delfos. Ao lado, o antigo Ginásio com suas pistas para a prática de atletismo e uma piscina circular.
Colunas do templo de Apolo na velha Corinto, em cujas cercanias Paulo pregou o Evangelho. Na acrópole coríntia, a maior fortaleza do Peloponeso abrigava o templo de Afrodite, a deusa do sexo.
ISTO É GRÉCIA
Imagens de Atenas, Pireus, Corinto e Delfos
JM na Universidade de Atenas em dia de cerco policial: daqui saem passeatas de protesto contra as reformas econômicas