Planeta Jota é um website sem fins lucrativos editado pelo jornalista Jomar Morais, desde maio de 1995, com a ajuda de voluntários. Saiba mais.
Não publicamos texto editorial pago. Se você deseja ajudar na manutenção deste trabalho, poderá fazê-lo mediante uma doação de qualquer valor via PIX 84-999834178, via Pagseguro ou adquirindo os livros divulgados aqui pelo Livreiro Sapiens. Assim você contribuirá para a difusão de ideias que despertam consciências e mudam o mundo e estimulará os autores que compartilhamos.
Só aqui desconto de 30% ! 35 reais + frete (12 reais) PIX 84-999834178 (celular) [Envie recibo e endereço via WhatsApp]
Ou compre no cartão em até 18 vezes pelo
Site antigo, substituido em 12/março/2023. Clique em "INÍCIO" e acesse o novo site.
Isla Negra, a 100 quilômetros de Santiago, já não é mais a praia deserta de 50 anos atrás, nem este sobrado, outrora solitário, é a única construção sobre a escarpa que se impõe diante do Pacífico. Mesmo assim, tudo na velha casa, hoje um museu, ainda exala poesia, paixão. A mobília, arrumada da mesma maneira como a deixou Pablo Neruda, não dá margem a dúvida. Foi aqui onde o poeta maior do Chile, Prêmio Nobel de Literatura, ativista do socialismo e amante inveterado, colecionou seus melhores sonhos e amores ardentes. Fascinado pelo mar, Neruda, que se autoproclamava capitão sem jamais ter comandado um barco, ergueu uma casa com jeito de navio. Portas pequenas, teto curvo, corredores ligando salas "protegidas" por carrancas em forma de sereias. Imagens femininas em meio a presentes recebidos de amigos do mundo inteiro. Mulheres, sempre as mulheres. "Nada está completo se uma mulher não compartilha nossos descobrimentos", disse o poeta certa vez. Na proa, ao alto, o quarto, a cama rústica e um enorme janelão de vidro descortinando o oceano. Um santuário. Ali, a pequena Matilde Urrutia, terceira mulher de Neruda, embriagou-o de inspiração ao longo dos últimos 20 de anos de sua vida. No guarda roupa, os vestidos e xales ainda denunciam o corpo diminuto, quase uma criança. Suas mãos e pés minúsculos encantavam o poeta. "Tudo o que escrevo é dedicado ela", disse Neruda, apaixonado. Se essa casa falasse, certamente sussurraria, com o poeta, os versos delirantes: Eu te nomeio rainha. Há mulheres mais altas do que tu, mais altas. Há mais puras do que tu, mais puras. Há mais belas do que tu, mais belas. Mas tu és a rainha.
"Doze dias depois do Golpe Militar ser proclamado no Chile, em 1973, o poeta morreu. Estava doente e os últimos acontecimentos tinham acabado com sua vontade de viver. Agonizou em sua cama em Isla Negra olhando sem ver o mar que estalava contra as pedras debaixo de sua janela", escreveu Isabel Allende em seu livro Paula
UM DIA NA CASA DO POETA
Uma visita inesquecível à casa rústica onde viveu Pablo Neruda, o maior poeta chileno, no cenário paradisíaco das águas esmeraldas do Pacífico, em Isla Negra
por JOMAR MORAIS 05/2001
JM, Fátima (à esquerda) e Márcia no jardim da residência
[Publicado na revista Viagem e Turismo de 2001]
A casa, o barco e os sinos do cáis: paixões do poeta Neruda. À direita, a sala de visitas.