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É SÓ RESPIRAR...

Como um procedimento tão simples - a meditação - pode mudar nossas vidas.

Médicos a recomendam. Neurocientistas a estudam. A técnica ancestral funciona.

E mais: assista, no final da página, à entrevista de JM sobre o tema na SimTV
JOMAR MORAIS
10/2003
Na sala vazia e silenciosa, dois monges zens, com seus mantos e cabeças raspadas, estão sentados no chão, lado a lado, pernas cruzadas. Depois de alguns instantes, o mais jovem lança um olhar surpreso e irônico para o mestre. Sereno, o velho monge comenta: “É isso aí. Nada vai acontecer depois”. Não se trata de uma cena real. É só uma charge publicada na renomada revista novaiorquina The New Yorker, brincando com o novo hábito americano de meditar regularmente, como fazem os orientais há milhares de anos. A fina ironia da charge, no entanto, tem a ver com a realidade. Embora singela, a atitude de sentar sobre uma almofada (sentar no chão em posição de lótus exige um preparo de monge) e ficar atento à própria respiração é tão fora de propósito em nossa rotina atabalhoada que é fácil se identificar com o jovem monge, perplexo e irônico, ao encará-la pela primeira vez. Comigo não foi diferente.
Na primeira vez em que me detive a acompanhar o compasso da respiração, o sentimento inicial foi surpresa. Impressionou-me a rapidez com que tudo caminhou para a inatividade. O turbilhão de pensamentos que ocupava a minha mente (uma conta para pagar, uma cena do filme que eu vi no dia anterior, uma ótima piada para contar aos amigos) foi desaparecendo sem que eu me desse conta. O incômodo da perna dormente, pressionada pela flexão, logo foi substituído por um inesperado prazer, prazer de simplesmente respirar. Então, de repente, foi como se tudo houvesse parado nos primeiros segundos depois de acordar, aqueles instantes em que você se sente presente e alerta, mas com a cabeça vazia de preocupações ou intenções. Enfim, aqueles poucos segundos do dia em que nada acontece.
Foi então que tudo ficou meio irônico: o êxtase, o delicioso estranhamento que entupiu meus sentimentos acabou em um segundo ou menos! E no instante seguinte lá estava eu com todos os pensamentos de volta: a conta, o filme, a piada e mais uma porção de coisas. Rindo comigo mesmo, me perguntei - talvez como um jovem monge perplexo e desconfiado - se não haveria algo mais divertido para fazer naquele instante.
É isso aí. Meditação, afirmam os especialistas, é um não-fazer. É a única atividade humana que intencionalmente não objetiva levar o praticante a lugar algum ou a qualquer resultado. Quer dizer que meditar é só parar e não pensar em nada? É. Mas acredite: não é nada fácil. Não para ocidentais como eu e você, acostumados com a idéia de que, para resolver um assunto, o primeiro passo é pensar bastante nele. Na meditação, a idéia é exatamente o oposto: parar de pensar (por mais bizarro que isso possa lhe parecer).
A novidade é que, mesmo parecendo alienígena, a meditação conquista cada vez mais adeptos no Ocidente. Dez milhões de americanos meditam regularmente em casa e em hospitais, escolas, empresas, aeroportos e até em quiosques de internet. No Brasil, o interesse pelo assunto também multiplicou o número de locais onde se pode meditar. Entre os milhões de meditadores americanos estão celebridades de grosso calibre, como o dirigente da Ford, Bill Ford, e o ex-vice-presidente Al Gore. No Brasil, a exemplo da Hollywood dos anos 90, a meditação entrou para a rotina de estrelas - como a atriz Christiani Torloni e a apresentadora Angélica, que recorreu à prática para livrar-se de uma crise de síndrome do pânico - e virou ferramenta diária de produtividade em empresas e até em alguns círculos do poder. O prefeito petista de Recife, João Paulo, por exemplo, só inicia o expediente após meditar por alguns minutos.
Mas como é que algo assim, na contramão do pragmatismo moderno, consegue empolgar tantas pessoas? Tem gente pagando caro para participar de sessões de meditação - pagando para ficar sentado em silêncio em uma sala despojada. Como pode?
É verdade que tem muita gente desiludida com o modo de vida ocidental (a destruição do meio ambiente, a vida cada vez mais solitária das grandes cidades e a competição pelo ganha-pão). Mas esse contingente não é capaz de explicar, sozinho, a explosão da meditação. A verdade é que a ciência resolveu se debruçar sobre os efeitos da meditação, e as notícias dos laboratórios de pesquisas cada vez convencem mais pessoas a dar uma relaxada em posição de lótus ou simplesmente sentada em uma cadeira.
O principal resultado dessas pesquisas pode ser resumido em duas palavras: meditação funciona. Ou seja, por mais estranho que possa parecer aos ratos de academia que sabem de cor seu ritmo cardíaco máximo e sua capacidade de esforço, não fazer nada por alguns minutos diariamente tem efeitos palpáveis, reais e mensuráveis no corpo. E o melhor: só apareceram efeitos positivos (pelo menos até agora). Ou seja, aquilo que os adeptos da tradicional medicina chinesa e os mestres budistas há tanto tempo viviam repetindo (com um sorriso bondoso no rosto) começa a ser comprovado por alguns dos mais renomados centros de pesquisa ocidentais, como as universidades Harvard, Columbia, Stanford e Massachussets, nos Estados Unidos, e pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), no Brasil.
É difícil listar as descobertas, porque as pesquisas sobre a meditação alcançaram a maioridade recentemente. Mais precisamente no ano 2000, quando o líder do budismo tibetano, o Dalai Lama (sempre ele) encontrou-se com um grupo de psicólogos e neurologistas na Índia e sugeriu que os cientistas estudassem um time de craques em meditação durante o transe, para ver o que ocorria com seus corpos. Os cientistas abraçaram o desafio e, desde então, as pesquisas não páram de produzir surpresas. Já se sabe, por exemplo, que meditar afeta, de fato, as ondas cerebrais. Sabe-se também que isso tem efeitos positivos sobre o sistema imunológico, reduz a tensão e alivia a dor. “Três décadas de pesquisas mostraram que a meditação é um bom antídoto do estresse”, diz o jornalista e psicólogo americano Daniel Goleman, autor dos livros Inteligência Emocional e Como Lidar com as Emoções Destrutivas, este o relato do encontro dos cientistas com o Dalai Lama. “Agora, o que está mira dos pesquisadores é saber como a meditação pode treinar a mente e reformatar o cérebro”, afirma Daniel.
A piada dos dois monges na revista americana não é gratuita. Afinal, faz séculos que se pratica meditação no Oriente, por recomendação religiosa. O detalhe é que agora a recomendação também é médica. Nos anos 70, quando a prática começou a se espalhar pelo Ocidente, impulsionada pelo movimento hippie, o cantor e compositor brasileiro Walter Franco cantava que tudo era uma questão de “manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranqüilo”. Hoje, os versos de Walter poderiam fazer parte de uma receita médica, de uma sessão de psicoterapia, de um treinamento em uma grande empresa ou até mesmo de um programa para a recuperação de presos.
“Focalizar a atenção no mundo interior, como se faz na meditação, é uma situação terapêutica”, diz o psicólogo José Roberto Leite, coordenador da unidade de medicina comportamental da Unifesp, que em setembro foi transformada no primeiro instituto de medicina comportamental do país. “Queremos avaliar o alcance dessa prática e isolá-la de seu aspecto supersticioso.” Por trás dessa intenção está o fato de que as causas de doenças mudaram muito nos últimos cem anos. No passado, as doenças eram causadas principalmente por microorganismos, as pessoas morriam de poliomielite, de sarampo, de varíola e outras doenças causadas por bactérias e vírus. Mas isso mudou, graças aos investimentos em saneamento e o desenvolvimento de antibióticos e vacinas. “Hoje, a maioria das doenças são causadas por coisas como hipertensão, obesidade e dependência química, que estão ligados a padrões inadequados de comportamento”, diz José Roberto. , Ou seja, o que mata hoje são os maus hábitos.
Apaziguar a mente, os cientistas estão descobrindo agora, pode reduzir o nível de ansiedade e corrigir comportamentos pouco saudáveis. O cardiologista Herbert Benson, da Universidade Harvard, um dos maiores pesquisadores da meditação e do poder das crenças na promoção da saúde, chega a estimar em seu livro Medicina Espiritual que 60% das consultas médicas poderiam ser evitadas se as pessoas apenas usassem a mente para combater as tensões causadoras de complicações físicas.
Mas, afinal, como é que se medita e o que acontece durante a prática contemplativa? Bem, há um leque de modalidades para quem deseja meditar, mas a receita básica é a mesma: concentração. Vale concentrar-se na respiração, em uma imagem (um ponto ou uma imagem de santo), um som ou na repetição de uma palavra (o famoso mantra). Parar de pensar equivale a ficar quase que exclusivamente no presente. Faz sentido: os pensamentos são feitos basicamente de duas substâncias: as idéias e experiências que ouvimos, vivemos ou aprendemos no passado e os planos e apreensões que temos para o futuro. É aí que surgem aqueles sentimentos comuns nas descrições de grandes meditadores, sensações como sentir-se em ligação íntima com o universo, ou ter uma superconsciência do mundo. A impressão é de que se está ainda mais consciente, apesar do completo desligamento do mundo externo. “Na meditação, a mente ganha a precisão de um raio laser, totalmente focada em um ponto. É uma pesquisa interior, onde o meditador é ele próprio cientista, cobaia e laboratório”, afirma a psicóloga e monja Susan Andrews, americana que há 30 anos ensina técnicas meditativas do tantra e biopsicologia e que há dez anos fundou a ecovila Parque Visão Futuro, em Porangaba, no interior de São Paulo. Meditar é, portanto, concentrar-se em cada vez menos coisas, inibindo os sentidos e esvaziando a mente. Tudo isso sem perder o estado de alerta, ou seja, sem dormir.
BIOLOGIA DO ZEN
Nos primeiros estudos sobre a meditação, na década de 60, o cardiologista Benson, de Harvard, e outros pesquisadores submeteram meditadores a experimentos nos quais a pressão arterial, os ritmos cerebrais e cardíacos e mesmo a temperatura da pele e do reto eram monitorados. Constatou-se então que, enquanto meditavam, eles consumiam 17% menos oxigênio e seu ritmo cardíaco caía para incríveis três batimentos por minuto (a média para pessoas em repouso é de 60 batimentos por minuto). Isso acontecia quando as ondas cerebrais alcançavam o ritmo teta, mais lento e poderoso, no qual a mente alcançaria o estado de “superconsciência” relatado pelos iogues e caracterizado por uma inundação de insights e alegria.
Para se ter uma idéia dessa mudança, quando estamos ativos o cérebro emite ondas beta, de oscilação em torno de 13 ciclos por segundo. As ondas teta vibram a apenas quatro ciclos por segundo, abaixo até das ondas alfa do estado de relaxamento e a um passo das ondas delta, de 1 ciclo por segundo, presentes somente na meditação profunda de monges ultratreinados. Você conhece essa sensação causada pelas ondas teta. É aquele embotamento que aparece normalmente nos segundos que antecedem o sono. Naquele momento, nosso cérebro funciona no ritmo teta. Mas os meditadores pesquisados não estavam dormindo. Ao contrário, estavam bem acordados e serenos.
Mais tarde, percebeu-se que no momento da meditação o fluxo sanguíneo diminuía em quase todas as áreas cerebrais, mas aumentava na região do sistema límbico, o chamado “cérebro emocional”, responsável pelas emoções, a memória e os ritmos do coração, da respiração e do metabolismo. Benson, que escreveu um clássico sobre o tema nos anos 90 - A Resposta do Relaxamento - , emprestou um pouco da humildade oriental e disse que seu trabalho se resumiu a explicar biologicamente técnicas conhecidas há milênios.
Desde então, uma série de novas pesquisas, respaldadas em imagens da intimidade cerebral feitas por tomógrafos sofisticados que retratam o cérebro em funcionamento, levantaram o véu sobre outros segredos. Um dos estudos mais abrangentes e reveladores foi realizado por Andrew Newberg, da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos. A idéia era registrar o que ocorre com o cérebro quando se alcança o clímax em práticas místicas como a meditação e a oração. Newberg rastreou a atividade cerebral de um grupo de praticantes budistas em meditação profunda e de um grupo de freiras franciscanas, quando rezavam fervorosamente.
Ele constatou uma significativa alteração no lobo parietal superior, localizado na parte anterior do cérebro e responsável pelo senso de orientação - a capacidade de percepção do espaço e do tempo e da própria individualidade. Segundo as descobertas de Newberg, à medida que a contemplação se faz mais profunda, a atividade na região diminui gradualmente até cessar totalmente no momento de pico, aquele em que o meditador experimenta a sensação de unicidade com o universo, cerca de uma hora após o início da concentração. Nesse instante, privados de impulsos elétricos, os neurônios do lobo parietal desligam os mecanismos das funções visuais e motoras e o meditador ou devoto perde a noção do “eu” e sente-se prazerosamente expandido, além de qualquer limite. Talvez esteja aí o indício mais concreto de que se tem notícia do não-fazer meditativo e do nirvana ou do paraíso anunciados pelos místicos. Além disso, as imagens revelaram que, durante a experiência, os lobos temporais, sede do sistema límbico, tiveram sua atividade redobrada, o que explicaria a enorme influência dos estados contemplativos sobre as emoções e a personalidade dos praticantes.
Newberg concluiu que as sensações vivenciadas por budistas e freiras são um fenômeno real baseado em eventos biológicos - uma constatação que permite inferências em outras áreas do conhecimento. No livro Why God won´t go away (Por que Deus não vai embora), no qual relata sua pesquisa, o cientista recorre à antropologia para afirmar que o desenvolvimento do lobo parietal no cérebro dos humanos foi fundamental para a emergência da mitologia e do misticismo. Afinal, é lá que se encontra a estrutura neurológica que proporciona a noção de causalidade e oposição, bem como o centro da linguagem, ambos necessários à formação da narrativa mítica. Um chimpanzé, com seu lobo parietal rudimentar, até pode lidar com alguns conceitos matemáticos, mas é incapaz de elaborar pensamentos abstratos como o da transcendência da morte.
Mas há quem veja tudo isso com uma certa desconfiança. “Ao que parece, estamos diante de um fenômeno de marketing”, disse Richard Sloan, psicólogo do Centro Médico Presbiteriano de Columbia, em Nova York, comentando o encontro do Dalai com os cientistas, há três anos. Segundo Richard, é discutível se o impacto da meditação sobre o sistema nervoso e a saúde tem um efeito profundo e duradouro ou apenas superficial e efêmero. Então, está na hora de conferir o que os estudos dizem a respeito.
MENTE QUIETA, CORPO SAUDÁVEL
A meditação ajuda a controlar a ansiedade e a aliviar a dor? Ao que tudo indica, sim. Nessas duas áreas os cientistas encontraram as maiores evidências da ação terapêutica da meditação, medida em dezenas de pesquisas. Nos últimos 24 anos, só a Clínica de Redução do Estresse da Universidade de Massachussetts monitorou 14 mil portadores de câncer, aids, dor crônica e complicações gástricas. Os técnicos descobriram que, submetidos a sessões de meditação que alteraram o foco de sua atenção, os pacientes reduziram o nível de ansiedade e diminuíram ou abandonaram o uso de analgésicos. Ou seja, eles aprenderam a entender a dor, em vez de combatê-la. Com isso, deixaram de antecipá-la ou amplificá-la por meio do medo de vir a sentí-la. Sim, porque boa parte da sensação dolorosa é psicológica, fabricada pelo medo da dor. Resultado: as queixas de dor, segundo o diretor da clínica, Jon Kabat-Zinn, diminuíram, em média, 40%.
No hospital da Unifesp, em São Paulo, a meditação é indicada para pacientes com fibromialgia (dores nos músculos e articulações), fobias e compulsões. Ali, estudo recente dirigido pela doutora em biologia Elisa Harumi Kozasa atestou a melhoria da agilidade mental e motora em ansiosos e deprimidos que, durante três meses, meditaram sob a orientação de instrutores indianos. Outras duas pesquisas, coordenadas pelas psicólogas Márcia Marchiori e Elaine de Siqueira Sales, deve comparar nos próximos meses os efeitos terapêuticos da meditação com os das técnicas de relaxamento físico e o nível de adesão dos praticantes das diferentes modalidades de meditação.
O desempenho antiestresse da meditação, segundo estudos das universidades americanas Stanford e Columbia, acontece porque a mente aquietada inibe a produção de adrenalina e cortisol - os dois hormônios secretados nas situações de estresse - , ao mesmo tempo que estimula no cérebro a produção de endorfinas, um tipo de tranqüilizante e analgésico natural tão poderoso quanto a morfina e responsável pela sensação de leveza nos momentos de contentamento.
Já parece motivo suficiente para render-se aos mantras, mas tem mais. Investigações realizadas na Universidade Wisconsin, nos Estados Unidos, acrescentaram que meditar também melhora a ação do sistema imunológico, que defende o organismo contra o ataque de microorganismos (bactérias, vírus e outros germes). A experiência comparou dois grupos de voluntários - um constituído de pessoas que meditavam havia alguns meses e o outro de não-meditadores. Primeiro se constatou que os meditadores tiveram um aumento na atividade do córtex pré-frontal esquerdo, a área cerebral relacionada às emoções positivas. Então, ambos os grupos foram inoculados com a vacina contra gripe, e submetidos a medições quatro semanas e oito semanas depois. O pessoal habituado a entoar mantras apresentou um número bem maior de anticorpos contra a vacina, o que sugere que seus sistemas de defesa estavam mais ativos.
Em abril passado, durante um encontro da Associação Americana de Urologia, anunciou-se que a meditação ajuda a conter o câncer da próstata. E alguns pesquisadores relataram que mulheres com câncer de mama que passaram a meditar tiveram elevação no nível de células imunológicas que combatem tumores. Mas essas descobertas estão longe de alcançar a unanimidade entre os cientistas. O psiquiatra americano Stephen Barret, um dos principais críticos às terapias alternativas nos Estados Unidos, desconfia desses resultados. “Meditar pode aliviar temporariamente o estresse, mas sua ação nunca irá além disso no tratamento de doenças graves, como o câncer.” Mesmo Herbert Benson, não descarta os tratamentos ocidentais tradicionais. Para ele, a saúde e a longevidade no mundo moderno serão, cada vez mais, resultado de um tripé formado por remédios, cirurgias e cuidados pessoais, incluindo-se aqui a meditação e todo o poder catalisador das crenças nas reações orgânicas.
O CÉREBRO REFORMATADO
Mas ainda há muita coisa para ser descoberta sobre o poder do mantra e os pesquisadores estão debruçados sobre os meditadores, tentando entender como é que um ato tão simples causa tantas modificações. Estudos como o de Wisconsin, que ligam disciplina mental a emoções positivas e ambas ao bom desempenho do sistema imunológico, atiçam o interesse dos cientistas em avaliar o real poder da meditação na reformatação das funções cerebrais. E o que eles estão descobrindo é que, com suficiente prática, os neurônios podem reprogramar a atividade dos lobos cerebrais, especialmente a área relacionada à concentração e à orientação.
Não dá para negar que, sobre concentração, o Dalai Lama e os orientais, com sua atenção aos detalhes e sua atenção extrema, têm muito a ensinar aos ocidentais. “Só há pouco a psiquiatria ocidental reconheceu a existência do transtorno do déficit de atenção (uma síndrome caracterizada pela dificuldade de concentração, baixa tolerância à frustração e impulsividade), mas há milhares de anos tradições como o budismo afirmam que todos sofremos desse distúrbio com mais ou menos intensidade”, diz o psiquiatra Roger Walsh, da Universidade da Califórnia em Irvine.
A possibilidade de alterar em profundidade o cérebro, apenas meditando, talvez possa no futuro ajudar a prevenir ou a superar complicações vasculares a custo bem mais baixo que o das cirurgias. Ou a romper condicionamentos e redirecionar as mentes de indivíduos anti-sociais - o que, aliás, vem sendo testado com relativo êxito. Numa experiência na Kings County North Rehabilitation Facility, penitenciária próximo a Seattle, nos Estados Unidos, um grupo de prisioneiros condenados por crimes relacionados ao consumo de droga e álcool praticou vippassana (meditação budista com foco inicial na respiração, seguida de análise existencial) 11 horas por dia durante 10 dias. Após voltarem para casa, 56% deles reincidiram na criminalidade no prazo de dois anos, um índice considerado otimista comparado aos 75% de reincidência entre os presos que não meditaram.
Já na Universidade Cambridge (EUA), um estudo conduzido por John Teasdale constatou a redução de até 50% nas recaídas de pacientes com depressão crônica que passaram a meditar regularmente. A doença é acompanhada por uma diminuição no nível do neurotransmissor serotonina no cérebro, processo geralmente revertido com o uso de antidepressivos, como Prozac. A meditação aumenta a produção de serotonina, funcionando como um antidepressivo natural. Em Cotia, na Grande São Paulo, um programa de meditação para crianças carentes, conduzido pela monja Sinceridade no Templo Zu Lai (sede da primeira universidade budista do país) tem resultado em mudanças significativas no comportamento de 128 meninos de favelas. “Eles melhoraram significativamente a concentração e a convivência social”, diz Sinceridade.
FAST-FOOD MENTAL?
Toda essa popularidade, porém, não permite afirmar se, no futuro, a meditação neste lado do mundo continuará mantendo alguma identidade com a prática ancestral do Oriente. Além de sua gradual transformação em técnica laica, ocorre neste momento uma rápida adaptação do modo de usá-la ao estilo de vida ocidental.
Em vez de contemplações que duram horas (você aí teria pique para ficar quatro horas sentado no chão, imóvel, meditando, como faz diariamente o Dalai Lama?), tornou-se padrão a meditação de 20 minutos duas vezes ao dia. Ainda assim, isso parece exigir uma boa dose de sacrifício de inquietos habitantes de metrópoles como Nova York e São Paulo. No próximo ano, o autor Victor Davich lançará nos Estados Unidos o livro Eight minutes that will change your life (Oito minutos que mudarão sua vida) no qual defenderá um tipo de meditação fast-food de não mais que oito minutos. Segundo ele, esse é o tempo máximo que os americanos estão acostumados a se concentrar diariamente: os blocos de programas de TV duram exatamente isso, entre um comercial e outro. Da mesma forma, os mantras sonoros em sânscrito das meditações místicas, cujas freqüências acústicas muitas vezes são similares às das ondas cerebrais alfa e delta, foram substituídos por mantras mentais, baseados em palavras quase sempre escolhidas aleatoriamente.
Tais ajustes são vistos com reservas por iogues, praticantes tradicionalistas e até instrutores mais liberais, como Susan Andrews, para quem é saudável tirar a meditação “das nuvens do esoterismo” e aproximá-la da ciência. “Relaxamento e pensamento positivo são efeitos colaterais da meditação, não a sua meta”, diz Susan. “O grande alvo é atingir a hiperconsciência, o samadhi, estado de plenitude, iluminação e êxtase que não dá para ser descrito em palavras”. A questão é que para chegar lá o meditador precisa deixar de lado a idéia de que meditar não implica qualquer esforço, cuidando de manter a concentração firme e afinada por pelo menos uma hora. E isso, admitamos, é algo que também exige um preparo de monge.
PARA SABER MAIS:
Na Livraria:
A Mente Alerta - Jon Kabat-Zinn, Objetiva, Rio de Janeiro, 2001
Medicina Espiritual - Herbert Benson, Campus, Rio de Janeiro, 2003
Meditação e os segredos da Mente - Susan Andrews, Instituto Visão Futuro, Porangaba, 2001
Why God won´t go away - Andrew Newberg, Ballantine, Nova York, 2001
Yoga - Caco de Paulo e Marcia Bindo, São Paulo, Superinteressante, 2002


[Publicado na revista Superinteressante de outubro de 2003]
TV SAPIENS
JM na SimTV: Por que a meditação é uma
necessidade do homem contemporâneo
LEIA OS COMPLEMENTOS:


* Passo a passo da meditação

* Entre o céu e os neurônios




OUTRO TEXTO DO AUTOR

* O poder da mente vazia
                    +
* Por uma mente mais clara
(texto de Caco de Paula)

(*) O jornalista Jomar Morais é autor do livro Meditação (foto ao lado), publicado pela Editora Abril. Em 2001 fundou o Sapiens - Grupo de Estudos Filosóficos e Autoconhecimento, onde se pratica, gratuitamente, a meditação sentada às terças-feiras. Clique aqui e conheça o Sapiens.
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