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OUTRO OLHAR por Jomar Morais
UM CERTO GIOVANNI
No Cristianismo, depois de Jesus, não há ninguém maior que Francisco. Com sua mensagem universal e inclusiva e seu olhar transcendental sobre todos os eventos da vida, ele é o laboratório vivo do ideal cristão
Dediquei meu livro Viver - Outro olhar sobre o amor, a dor e o prazer a Giovanni di Pietro di Bernardone. Chamei-o de amigo, pois é assim que o vejo em minha vida. Coloquei-o em meu tempo, pois entendo serem atuais e, sobretudo, necessárias, a sua vida e suas idéias. Entre centenas de pessoas que, até agora, congratularam-se comigo, apenas quatro demonstraram conhecer o estranho personagem de minha dedicatória, uma forma inédita de homenagear Francisco de Assis, o santo cuja morte rememoramos ontem.
Giovanni é o nome de batismo do jovem filho do comerciante Pietro di Bernardone (daí o sobrenome), de Assis, Itália, que, tomado de súbita “loucura”, revoluciona a própria vida e enfrenta, com a sua coragem terna, o poder onipresente do papado para firmar o seu direito de viver e pregar a essência da mensagem cristã, sufocada nas estruturas religiosas e no egoísmo manipulador de seus dirigentes e burocratas. E foi a Giovanni, o homem como qualquer um de nós, passível de enlouquecer no amor e mudar o mundo - em vez da imagem do santo canônico, reabsorvida e manipulada pelas estruturas - que eu quis prestar minha singela homenagem.
No Cristianismo, depois de Jesus, não há ninguém maior que Francisco. Com sua mensagem universal e inclusiva e seu olhar transcendental sobre todos os eventos da vida, ele é o laboratório vivo no qual se comprova a viabilidade do ideal cristão e sua força transformadora sobre indivíduos e sociedades. Ele é a expressão da liberdade no amor se sobrepondo às amarras das formalidades e jogos de poder, um “anarquista” de Deus que se entrega por inteiro à vida e ao mistério onde ela ocorre.
Há quem diga que ainda falta aos historiadores debruçarem-se sobre os efeitos políticos da passagem de Francisco na Europa medieval e a influência de sua mensagem até à filosofia da Renascença. Para mim, basta a feliz definição de Dante Alighieri: “Francisco é uma luz que brilhou sobre o mundo”.
Sua visão positiva do homem e da criação, sua dedicação aos pobres, sua noção de teia universal na qual todos os seres se interligam, podendo assim ser chamados de irmãos, sua inabalável confiança e submissão à consciência cósmica, não se deixando escravizar em mecanismos de controle, fazem de Francisco um ícone do homem pleno e solidário.
Certamente que, se ele reaparecesse entre nós, seria de pronto hostilizado pela maioria inconsciente, à maneira dos soberbos cardeais e do próprio papa Inocêncio III, que viram no fradinho despojado e poético, declamando o Sermão do Monte, apenas um louco ingênuo e inconsequente. O mundo, porém, sempre carecerá de loucos para avançar e redimir-se.