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REMÉDIO OU VENENO?
Brasileiros são campeões do uso abusivo de remédios, um erro que leva à morte
Uma notícia nos jornais levou-me a recordar dois episódios de minha relação desconfiada com a medicina moderna e sua ênfase na especialização mecanicista que subestima a totalidade do ser e o envolvimento do médico com o paciente.
Cena 1: em 1991, em São Paulo, eu não estava bem comigo mesmo e com o mundo. Vivia um momento de instabilidade emocional que tinha a ver com situações na família e no trabalho que contrariavam meus desejos. Foi quando o meu coração de 38 anos disparou pela primeira vez. Um cardiologista diagnosticou: prolapso da válvula mitral. É um transtorno leve que assalta milhões de pessoas, disse o profissional. Eu teria de tomar um tal Propanolol para controlá-lo. Desconfiei. Procurei a ajuda de um amigo médico e assustei-me com o seu relato dos efeitos colaterais da droga. Esqueci o assunto e o coração sossegou.
Cena 2: como eu continuasse inábil para administrar meus desejos e os “problemas”, no ano seguinte as palpitações voltaram e, com a pressão a 17/13, corri para o Instituto do Coração do Hospital das Clínicas onde um especialista, cioso de sua autoridade, avaliou meus exames e logo decretou: eu teria de tomar o antihipertensivo Adalat para o resto dos meus dias. Meu anjo da guarda disse não. Como um médico, que não procurou saber sobre minha rotina e minhas emoções, podia tomar uma decisão tão séria apenas baseado em gráficos que atestavam sintomas e não a causa do desequilíbrio do meu corpo? Busquei outro cardiologista que prescreveu um medicamento mais leve - e por apenas 40 dias - e apontou-me a solução efetiva: descarregue o barco, reduza o trabalho, faça atividade física e reconsidere seus valores.
Segui à risca, acrescentando à receita o retorno à prática espiritual regular, que eu havia esquecido, e me dei bem: 20 anos depois, com a pressão a 12/8, vivo sem remédios e com disposição. É óbvio que isso não é garantia de longevidade. Para morrer, basta estar vivo. Mas imagino como estariam hoje a minha cabeça e os meus movimentos se durante esse tempo eu tivesse me empanturrado com as drogas desnecessárias.
Ah! A notícia que me fez lembrar desses fatos refere-se à preocupação da ONU com o consumo excessivo de remédios no Brasil. Somos campeões no uso de estimulantes e antidepressivos e tomamos 55% de toda a sibutramina (inibidor de apetite) fabricada no mundo. Muita automedicação e muita prescrição de maus médicos também. Faltou falar da contribuição do marketing da indústria farmacêutica, das negociatas de distribuidores com a burocracia corrupta da área da saúde e da influência dos laboratórios sobre os médicos. Mas isso já é outro assunto...