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Mestre, às vésperas do teu Natal olho para o alto e, pela primeira vez em meus quase 68 anos de vida, encontro no Céu a metáfora maior de nossos finais de ano. Mítica ou real, lá está a Estrela de Belém, o provável sinal luminoso que um dia guiou alguns homens sábios da Pérsia na direção de teu berço na árida Palestina.
Gratidão! Tive a sorte de estar vivo no tempo certo para contemplar essa raridade cósmica: um alinhamento perfeito dos planetas Júpiter e Saturno, os maiores de nosso sistema solar, brilhando sobre o horizonte com expressiva magnitude.
A última vez que esse fenômeno iluminou a noite com tal intensidade, dizem os astrônomos, foi em 4 de março de 1226, quando ainda brilhava sobre a Terra o Sol espiritual de Francisco de Assis em seu último ano de vida. E é simbólico e reconfortante que se repita agora, como um suave presente natalino para uma humanidade perplexa, açoitada pelo chicote da dor em um tempo de pandemia.
O brilho da estrela me leva à tua manjedoura, onde, outra vez, teu rosto criança alegremente perturba o meu coração, fazendo-me pensar a vida nestes dias de morte. Que força imensa, moleque divino! Que raios de esperança saltam de teus olhos e nos meus extraem lágrimas de um êxtase indefinível, como nos dias longinquos de minha infância ante do presépio de Beatriz.
Passaram-se os anos, envelheci, mas teu poder sobre minha alma parece jovial e infinito. Como sabes seduzir-me com a doçura e a firmeza de um coração puro, com o sonho e as cores de uma criança a brincar! Fazes esquecer-me de mim mesmo.
Enredado na magia de tua presença, desprezo minha pequenez e desafio as sombras com a força dos fatos: quando, no tempo ou fora dele, um único raio de luz não foi capaz de dissolver a treva? Quando a estrela, mesmo oculta na vastidão, deixou de inspirar-nos vida desde a madrugada remota de Belém?
Minha mente ampliada passeia por natais que não vivi e, nas lembranças da saga comum a todos os homens e mulheres, meu espírito se fortalece e se enternece...
Imagino os natais dos anos da peste de Justiniano, no século 6, que chegou a ceifar 10 mil vidas por dia. Os da peste do século 14, que dizimou um quarto da população europeia. Os do tempo da gripe espanhola, ao final da 1ª guerra, e os da própria guerra, com seu rastro de violência e dor. Imagino os natais dos anos de horror e crueldade da 2ª guerra mundial e todos os que foram celebrados, em algum ponto da Terra, sob catástrofes e violências que matam, ferem e separam pessoas.
Ó, moleque do estábulo, braços abertos à nossa diversidade, à nossa luz e à nossa escuridão! Quão grandes e poderosos são os prodígios de uma trégua, de uma ceia que reaproxima, de um canto subindo aos Céus na noite em que, pensando em ti, nos reconciliamos com a paz.
As epidemias passam, as guerras têm fim, as aflições se dissolvem quando a clareza se instala e o amor prevalece... E sobre todas elas a magia do Natal sempre retorna, animando-nos a prosseguir ou a recomeçar.
Bem-vindo de volta, menino de Belém!
Chacoalha com o vento de tua simplicidade e com o vigor de tua entrega, todas as fantasias nefastas e as ilusões dolorosas com as quais o medo nos escraviza e nos aprisiona. Sorri de novo sobre teu colchão de feno para que, finalmente, reencontremos a confiança e o contentamento da criança que um dia fomos. Cura-nos, com a fé e o destemor de todo coração ingênuo que ama e agradece.
Certamente a inteligência e a ciência logo encontrarão os meios para conter o vírus que ameaça nossos corpos. Entretanto, o que nos devolverá a sanidade da alma avara e medrosa senão o amor ingênuo e compassivo que, muitas vezes, só conseguimos perceber ante a iminência da morte?
Quando nossa pandemia virar passado e o irmão vírus, finalmente, estiver sob controle, quem sabe, talvez possamos agradecer a Deus pela adversidade que, contendo um pouco nossas pulsões e distrações, fez do Natal de 2020 uma rara oportunidade para refletirmos sobre seu sentido e sobre nossas possibilidades.
Jesus! Meu mestre, meu amigo! Quase 800 anos depois de teu servo Francisco, contemplando tua estrela em seu simbólico apelo à humanidade sob dor e luto, deposito em teu presépio o único presente que te posso oferecer: um coração tisnado pelo egoísmo, mas, ainda assim, repleto de afeto e gratidão.
Junto a meus irmãos, posso dizer-te: estamos cansados, mas seguiremos contigo. Estamos desorientados, mas buscamos teu norte. Não somos competentes, mas nos oferecemos ao serviço. As emoções nos perturbam, mas tentamos amar.
Moleque da manjedoura, irmão e companheiro: maranatha!